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Anos 50

Um filme que passou pouco tempo aqui em Brasília, mas ainda deve chegar a outras praças, Sambando nas brasas, morô? usa uma estética de anos 50 para contar uma história acontecida entre 1951 e 1960. Trata-se de um músico mineiro que vai para o Rio para tentar a sorte e convive com os anos dourados do rádio e do teatro de revista, o governo democrático de Getúlio Vargas, o suicídio do presidente, a eleição de JK, até a inauguração de Brasília. Filmado em preto e branco, com Marcello Novaes no papel principal, alterna cenas de ficção, trechos de cinejornais e depoimentos de pessoas que viveram ou testemunharam episódios políticos e culturais marcantes. Curiosas as imagens de Belo Horizonte em 1951, quando da visita do presidente GV.
Um pouco irregular nas interpretações, Sambando nas brasas vale mais pelo aspecto documental.

Beijos!

Clara Arreguy, domingo, abril 29, 2007. 0 comentário(s).

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Família no mar

O documentário O mundo em duas voltas, sobre a família Schürmann, é comovente. Dirigido por David, um dos filhos de Vilfredo e Heloísa, o casal brasileiro que resolveu dar a volta ao mundo a bordo de um barco, o filme supera o relato familiar para mostrar todo o espírito de aventura de que pessoas comuns são capazes. Anos e anos de preparação, e os Schürmann partem para refazer o percurso de Fernão de Magalhães, português que comandou a primeira volta ao mundo, saindo da Europa, descendo pela costa da América do Sul, virando o estreito que agora leva seu nome e conquistando o Pacífico, até chegar à Índia e depois contornar a África, de volta à Europa. Ao mesmo tempo que mostra os perigos e belezas encontrados por seus pais, o diretor alterna a história de Fernão e os perigos vividos por sua frota, quase 500 anos atrás. Muito bom.

Beijos!

Clara Arreguy, sábado, abril 28, 2007. 0 comentário(s).

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Fábula de Amós Oz

Com jeitão de livro infanto-juvenil, o novo romance do israelense Amós Oz, De repente, nas profundezas do bosque, conta uma história fantástica, passada numa pequena cidade de onde sumiram todos os animais. Assim: em tempos imemoriais, todos, bichos de estimação, criação, insetos, tudo, todos se foram. Apenas os muito velhos se lembram. Apenas os muito apegados sofrem. E os loucos. Porque alguns são atacados por uma insanidade que os faz crer na volta dos animais. Uma professora ensina sobre isso, um menino narra sonhos sem sentido. E um casal de crianças resolve, então, tirar a história a limpo e mergulhar no bosque.
A cara é de conto infantil, com fundo moral, como em toda fábula. A intolerância, a impiedade, sentimentos ruins estão por trás de tudo.
Muito bem escrito, como tudo que Amós Oz faz, pode ser lido por adultos ou crianças porque a qualidade é sua marca.
E muitos beijos!

Clara Arreguy, terça-feira, abril 24, 2007. 0 comentário(s).

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Modelos de beleza

O noticiário sobre a morte de uma mulher vitimada pela escova progressiva – ou melhor, por produtos inadequados usados com o propósito de alisar os cabelos – chama a atenção para outra questão: os padrões estéticos que escravizam meio mundo e levam tanta gente a cometer desatinos. Hoje, inclusive, já não se pode falar em postura feminina, já que homens, mulheres e crianças estão sujeitos às mesmas pressões. Submeter-se a sacrifícios voluntários para ficar mais bonito deixou de ser "privilégio" das mulheres.
Uma coisa sempre me intrigou: quem tinha cabelo liso queria anelar, quem tinha anelado queria alisar. Normal. Quando eu era pequena, era comum ver mocinhas passarem horas com um produto fedorento nos cabelos, a permanente, que só podia ser feita à base de enxofre, pelo odor que exalava. (Uma das frases lapidares de Millôr Fernandes dizia que "eterno, em amor, é igual a permanente em cabelo de mulher".) Outras lambrecavam henê no cabelo e depois o passavam a ferro. Algumas dormiam de touca: fios enrodilhados na cabeça e cobertos com aquela meia fina, bem apertada.
Recursos e técnicas vão mudando com o tempo. Ideologias também. Hoje ninguém mais se sacrifica para enroscar os cabelos. Já as escovas e chapas para alisá-los são quase obrigatórias. Formol e amônia, habituais. Liso virou sinônimo de belo, "domesticado". Quando a escova progressiva surgiu, os salões entupiram de gente querendo fazer, na ânsia de substituir ene escovas comuns a cada semana por apenas uma de três em três meses. Aí passaram a se arriscar em produtos nem sempre confiáveis, em dosagens de químicos acima do permitido, em falta de fiscalização, conhecimento e ética.
O que me entristece é que ninguém fala sobre o que está por trás da febre: justamente a imposição de um modelo de beleza que troca a riqueza das diferenças pela homogeneização estética, pelo "branqueamento" dos traços, pela redução das possibilidades. Vemos que ficou longe o tempo do "black power", do "black is beautiful". E que os movimentos de afirmação da beleza negra ainda têm muito chão pela frente.

publicado no Correio Braziliense no dia 20 de abril de 2007

Clara Arreguy, segunda-feira, abril 23, 2007. 0 comentário(s).

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Velhos doidões

A comédia Motoqueiros selvagens, com ótimo elenco encabeçado por John Travolta e William H. Macy, brinca de maneira interessante com a crise de meia-idade de homens que deparam com limitações físicas e de perspectivas. Quatro amigos se vêem em impasses no casamento e na profissão, então decidem partir para uma aventura sobre motos, sem destino. Só que enfrentarão percalços no caminho. Tirando o moralismo sempre presente na ideologia do norte-americano médio, do tipo que valoriza o sucesso financeiro como medida da felicidade e desconhece questões afetivas nas relações entre as pessoas, inclusive pais e filhos, as piadas são boas e as atuações, excelentes, com destaque para o atrapalhado vivido por Macy.

Beijocas!

Clara Arreguy, domingo, abril 22, 2007. 0 comentário(s).

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Poema de Marino

(a pedidos, o poema)

Postal parisiense

Alexandre Marino

Estávamos de mãos dadas.
O sol abria espaços amarelos
no céu parisiense
e eu sobre a Pont Neuf
pensava em você.

Estávamos abraçados
doce abraço
cheio de ancestral espera
que em nós se guardava.


Eu saboreava o pôr-do-sol
sobre o Sena
sem acreditar muito.
Acreditava mais
no sabor de seus lábios
que beijava.


Boca distante e saborosa,
eu em Paris,
você ao meu lado em Brasília.
- Quem seria? -
Você não estava lá
- nem eu -
estávamos juntos lá,
no mundo,
em lugar nenhum,
onipresentes,


Só não sabíamos ainda
deste beijo, este abraço,
mãos que se tocavam e se tocam
sobre oceanos,
tempos,
continentes.

Clara Arreguy, quarta-feira, abril 18, 2007. 0 comentário(s).

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Poemas de amor

Alexandre Marino é um poeta mineiro radicado em Brasília. Por meio de livros, militância, blog e outras iniciativas, batalha pela causa da literatura, da boa literatura. Agora, acaba de lançar o volume Poemas por amor, em que reúne belas declarações apaixonadas, escritas nos últimos 10 anos. Do trivial ao sublime, tudo é tema para a poesia de Marino, que visita o futebol, uma gripe forte ou o gesto de descascar uma laranja para buscar ali seu lirismo. Para culminar, o poema que abre o livro, Postal parisiense, calhou perfeitamente com a situação que estamos vivendo, eu e meu amor, ele na França, eu em Brasília. A poesia salva.

Beijos mil!

Clara Arreguy, segunda-feira, abril 16, 2007. 1 comentário(s).

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Humor com poesia

Fui ver As férias de Mr. Bean na expectativa de algo que me fizesse rir e me emocionasse, e não me decepcionei. Como havia lido nas críticas, ele consegue dosar humor e poesia sem ser piegas, cita grandes artistas da mesma arte, como Tati e Chaplin, sem copiar ninguém. Afinal, Mr. Bean sozinho é uma máquina de provocar risadas. Seu jeito atrapalhado já conquistava nos esquetes de TV, e no cinema está tudo ali, concentrado. O ganho extra vem em forma de crítica deslavada a certo cinema cabeça, pedante, que o filme descasca na figura do ótimo Willem Dafoe. Vale a pena acompanhar a jornada de Rowan Atkinson tentando chegar a Cannes para desfrutar uns dias na praia e esbarrar com todo tipo de percalço, a maioria provocada por ele mesmo. Com direito a um menininho encantador, a uma doce mocinha e a um vilão charmoso.

Beijocos!

Clara Arreguy, sábado, abril 14, 2007. 0 comentário(s).

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Irlandeses em luta

Estréia amanhã o filme Ventos da liberdade, de Ken Loach, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2006. Um pouco lentão, pesadão para se desenvolver, mesmo assim o filme tem sua importância, por contar a história do levante de 1920, na Irlanda, quando trabalhadores locais se rebelaram contra o governo colonizador da Inglaterra e partiram para a luta armada. Muita violência, um pouco de romance e debates de fundo permeiam a fita. O melhor de tudo são os conflitos éticos protagonizados por dois irmãos, que, de aliados no início da história, passam para lados opostos a partir do acordo que submeterá os irlandeses à coroa com status de estado independente.

Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, abril 12, 2007. 0 comentário(s).

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Brasileiro de primeira

Ói nóis aqui travez: custei mas voltei. Problemas e coisas boas me tiraram o tempo, agora devolvido. Então, nesse meio tempo, li um romance sensacional: O sol se põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, uma história intrigante, em que as surpresas se sucedem e a escrita, de altíssimo nível, prende da primeira à última linha. Um escritor frustrado tenta desfiar um novelo que envolve amores proibidos, histórias de guerra, honra e segredos de vida e morte. Tudo se passa na São Paulo do presente e no Japão do passado, até que as linhas se cruzam e as revelações emocionam o leitor. Imperdível.
Beijocas!

Clara Arreguy, quarta-feira, abril 11, 2007. 0 comentário(s).

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