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Um Tarantino de primeira


As polêmicas que Quentin Tarantino provoca nunca vão ter fim, mas sigo achando sua cinematografia de primeira, como é o caso de "Django Livre", um faroeste arrebatador.

Desta vez as controvérsias se dão em torno da escravidão e do suposto desrespeito do diretor para com o povo negro. Discordo que haja qualquer desrespeito no filme. Pelo contrário.

Ao situar a saga do herói nos estertores da escravidão nos Estados Unidos, Tarantino expõe os horrores de um tempo em que a desumanidade imperava. Compõe um verdadeiro tratado sobre a crueldade - e, nesse ponto, não importa sua origem social ou racial, estamos todos sujeitos à maldade.

Personagens e atores, Django (Jamie Foxx), Schultz (Christoph Waltz), Calvin Candie (Leonardo DiCaprio, com Foxx na foto de divulgação) e Stephen (Samuel L. Jackson) são antológicos. Grandes trabalhos sobre um história forte e chocante.

Ok, é violento demais, e tem cenas em que prefiro fechar os olhos. Mas a violência psicológica é a mais forte, e quanto a isso não há para onde fugir, uma vez que a situação de tortura, humilhação e escárnio existiu e, infelizmente, ainda existe em várias partes do planeta. Precisamos denunciá-las e combatê-las.

Fico com os que preferem engolir o sapo do sangue que esguicha a fechar os olhos para o lado ruim da gente. Prefiro saber.

Beijocos!

Clara Arreguy, terça-feira, janeiro 29, 2013. 2 comentário(s).

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Quanto mais Camilleri melhor

Se você não conhece este autor, precisa. Andrea Camilleri é o criador do comissário Salvo Montalbano, chefe de polícia em Vigàta, na Sicília, um dos personagens mais carismáticos do policial contemporâneo.

O autor tem 87 anos e já escreveu dezenas de livros, a maioria deles tendo Montalbano como protagonista, mas muitos também sem ele. O que nunca falta é a inteligência, é o humor fino de um escritor que atua em todas as frentes, na literatura, na televisão, no cinema, no teatro.

Camilleri é delicioso, e ler seus livros faz parte das melhores férias que alguém possa querer. Nos últimos dias, embora não esteja de férias, devorei com sofreguidão a coletânea de contos "O ano-novo de Montalbano" (Record, 284 páginas), uma série de histórias curtas publicadas esparsamente em diversos veículos.

Tem Montalbano de montão, com seu universo de personagens secundários, mas nem tanto, como o hilário Catarè, a noiva Livia, o vice Mimi Augello e as deliciosas iguarias que o comissário nunca dispensa. As historietas vão das investigações mais simples às mais complexas.

Há até metalinguagem, com Salvo confrontando o próprio Camilleri quando avalia que ele passou da medida. Não é um lançamento, saiu originalmente em 1999. Mas com o escritor italiano tudo mantém sempre frescor e graça.

Se você não conhece, sinta-se feliz por ter toda a obra de Andrea Camilleri para saborear.

Beijus!

Clara Arreguy, quarta-feira, janeiro 23, 2013. 0 comentário(s).

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Biografia, história, arte, tudo junto

Livro que ganhei no amigo oculto da Casa de Autores, grupo de escritores do qual faço parte aqui em Brasília, "A lebre com olhos de âmbar", de Edmund de Waal (Intrínseca, 2011) é um daqueles livros para devorar. Arte, história, biografia, está tudo misturado, em narrativa fluida, surpreendente, cheia de informações e de imagens.

O autor é um ceramista inglês, filho de pastor luterano e neto de holandês e judia. Ao herdar do tio-avô uma coleção de netsuquês (peças em miniatura, esculpidas em laca ou madeira) de mais de 100 anos, decide ir atrás e contar a história das mais de 200 pequenas obras de arte. Nesse processo, descobre que elas foram parar na família por meio de um tio-bisavô, Charles Ephrussi, em meados do século XIX.

Aí a história toma outro rumo: alcança a expansão territorial e financeira de ricas famílias de comerciantes judeus, como os próprios Ephrussi e os Rothschild, por exemplo, que conquistaram a Europa com a venda de grãos e os negócios bancários, entre outros.

Charles era colecionador e entendido em arte. Amigo e mecenas dos primeiros impressionistas. Conviveu e foi amigo de gente como Renoir, Degas, Manet e Monet. Inspirou Proust na criação de Swann. Aparece em quadros e livros da época. Na onda de japonismo durante aquela Belle Époque na França, adquiriu os netsuquês. Mais tarde, os deu de presente de casamento aos bisavós de Waal.

Nesse momento a história se muda de Paris para Viena e ali vai da virada do século XIX para o XX até acompanhar a Primeira e a Segunda Grande Guerra. Se ao longo de toda a trajetória dos Ephrussi o antissemitismo era comum, com a ascensão do nazismo os antepassados do autor enfrentam perseguição, esbulho, prisão, o Holocausto.

A maneira como os netsuquês "sobrevivem" ao nazismo é comovente, assim como a pesquisa de Waal, que vai a Odessa, Viena, Paris e Tóquio incontáveis vezes, em busca da verdade de cada personagem envolvido, por meio de obras de arte, livros, jornais, documentos e depoimentos. A história é ótima e o livro, uma leitura enriquecedora.

Beijocas e bom fim de semana!

Clara Arreguy, sexta-feira, janeiro 18, 2013. 0 comentário(s).

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Pi, o Oscar e Moacyr


Fiquei devendo à amiga Denise Amaral o comentário sobre o filme "A vida de Pi", de Ang Lee, e agora ele está com uma porção de indicações ao Oscar, embora não tenha sido bem-sucedido no Globo de Ouro. Mas nem por isso deixa de ser um grande filme.

Na verdade, não quis fazer o post sem recapitular a história da denúncia de plágio que liga o livro do canadense Yann Martel ao do brasileiro Moacyr Scliar. Desde que entrevistei pela primeira vez o escritor gaúcho, que acabou por ficar meu amigo, fazer a orelha do meu livro de crônicas "Catraca inoperante" e morrer em 2011, eu sabia da história.

Que Scliar lançou seu "Max e os felinos" em 1981 e Martel lançou "Pi" em 2002, ganhando um importante prêmio literário. Que a ideia do náufrago que sobra num bote com uma fera veio primeiro no romance do brasileiro. Que era um jaguar num escaler, junto com um jovem judeu fugindo do nazismo, enquanto no livro do canadense era um jovem indiano com um tigre no salva-vidas. Que Scliar não considerava o caso como sendo plágio, apenas o uso de uma ideia que ele teve antes.

Enfim, nada disso tira o valor da obra do canadense, que Scliar nunca quis processar, apesar de instado por muitos a fazê-lo. Nem tira os méritos do filme, que navega nas profundas águas da fantasia, recriando belissimamente imagens, situações em que a questão da fé se coloca quando homem e natureza indomada são representados como metáforas da existência e de Deus.

Com a sensibilidade ímpar que tem, além de um elenco maravilhoso e de uma direção de arte de tirar o fôlego, Ang Lee e seu "Pi" têm tudo para se dar bem no Oscar. Quem ainda não viu, aproveite o cinema em 3D, que permite mais ainda a viagem poética.

Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, janeiro 14, 2013. 0 comentário(s).

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Alguém depois me conta?


Então concedo e vou ver "O Hobbit", mas qual não é minha preguiça quando, lá pelas tantas, percebo que são tantas as portas abertas e pontas soltas que só mesmo em mais três ou seis aventuras as coisas vão se desenrolar. Ah... tenho preguiça de passar tantas horas da minha vida enredada pela Terra Média, por hobbits, elfos, magos, anéis... Não sei até onde irei com isso. Admito, não sou adepta da saga, não a li. Nos filmes de Peter Jackson consigo me divertir, achar graça, adivinhar quem é o ator por trás daquele efeito tão especial, admirar as paisagens de outro planeta tão nosso... Mas, ah, acho que não vou ficar esperando na fila pelos dois próximos episódios já praticamente prontos da saga. Alguém depois me faz um resumão!

Beijão!

Clara Arreguy, segunda-feira, janeiro 07, 2013. 0 comentário(s).

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Quase terror, muitas lágrimas


O filme "O impossível", de Juan Antonio Bayona, foca sua trama no tsunami que assolou a Tailândia e aquela região do Pacífico no Natal de 2004 e que provocou milhares de mortes.

Uma família - pai, mãe e três filhos - que estava num resort à beira-mar, portanto na linha de frente da catástrofe, conduz a narrativa. Lucas (Tom Holland), o filho mais velho, é o primeiro que vemos sobreviver, ao lado da mãe (Naomi Watts), no tumulto dos acontecimentos.

Aos poucos, toda a violência da natureza vai conduzindo as pessoas a outras situações-limite, como os hospitais para feridos, o trato com os corpos dos mortos e a reunião de sobreviventes, principalmente crianças desgarradas.

Claro que o roteiro te leva a se emocionar e chorar com dramas e tragédias, principalmente quando há crianças envolvidas. A violência da situação é mostrada em imagens e na consequência sobre as pessoas, mas a forma de enfrentar ou superar tudo aplica lições, ensina, indigna, comove.

Pode ser visto como dramalhão, mas o fato de ser baseado na vida de pessoas reais o aproxima da vida do comum dos mortais. Haja lágrimas!, mas eu gostei.

Beijos e feliz 2013!

Clara Arreguy, segunda-feira, janeiro 07, 2013. 0 comentário(s).

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