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Ciência com amor

Bilhões e bilhões - Reflexões sobre vida e morte na virada do milênio foi o último livro escrito pelo astrônomo Carl Sagan, que morreu em 1996. Trata-se da reunião de textos e palestras do cientista que, mais que ciência, aborda um pouco de tudo, filosofia, antropologia, ética, política. Inteligente, sensível, antenado para as questões do meio ambiente - a maioria dos textos defende a necessidade de combater o aquecimento global e a preservação da natureza -, Carl Sagan escreve (alguns textos em co-autoria com sua mulher, Ann Druyan) de forma agradável e simples, tornando acessíveis conhecimentos científicos com os quais às vezes lutamos para nos dar bem. Há ainda a questão humana - pouco depois de concluir o trabalho ele morreu de câncer, o que é narrado no último capítulo, primeiramente por ele, e no epílogo emocionante escrito por Ann. A informação, a ciência e a reflexão proporcionados por Carl Sagan estão ao alcance de todas as idades e só contribuem para melhorar a consciência política e ambiental do nosso tempo.

Beijins!

Clara Arreguy, segunda-feira, setembro 29, 2008. 0 comentário(s).

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Menos que besteirol

As comédias de Hugo Carvana (Vai trabalhar, vagabundo, Se segura, malandro, Bar Esperança, o último que fecha) sempre foram mais que besteirol. Faziam crônica de costumes, retratos de certa geração e certa intelectualidade carioca, por intermédio de personagens meio marginais, mas sempre críticos ao establishment. A casa da mãe joana, que acaba de estrear, deixa de lado qualquer pretensão que outrora moveram o cineasta em nome do humor mais escrachado e sem compromisso. Fotos de Che, Trotsky e Vidas secas ao fundo não passam de cenário. Nada dizem das motivações dos malandros protagonistas, resumidos a estereótipos em busca de sobrevivência. Nem a plêiade de estrelas salva o humor do filme. Poucos são os momentos realmente cômicos. Como confessa Paulo Betti numa das cenas de bastidores que ladeiam os créditos finais, seu maior esforço de interpretação foi segurar a barriga. Pouco para nomes como ele, Wilker, Laura Cardoso, Malu Mader, Pedro Cardoso e outros. Os melhores momentos ficam por conta de Antônio Pedro, agora assinando Borges no nome, um talismã que Carvana exibe em todos os seus filmes. Pouco, infelizmente.

Beijins!

Clara Arreguy, domingo, setembro 28, 2008. 0 comentário(s).

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Delicioso Camilleri

Estive (estou) fora do ar ou desligada, feito um celular, por causa de uma cirurgia, mas entre uma convalescência e outra, vou lendo. Caiu-me nas mãos O rei de Girgenti, um dos romances cômicos de Andrea Camilleri que ainda não tivera o prazer de ler. Que delícia! O autor italiano, como sempre, parte de um fato histórico para construir uma ficção amalucada e superdivertida. Trata-se de história de Zósimo, sobre quem ele lera poucas referências em estudos históricos: o líder camponês de uma revolta, no início do século XVIII, que chegou a ser coroado rei da cidade de Montelusa (Girgenti), na Sicília, região de onde vem o escritor. O episódio pouco explicado pelos historiadores ganha uma versão fantasiosa repleta de casos engraçados ligados à religiosidade popular no final da Idade Média, em meio a nobres, burgueses, feudos e ao populacho inculto e sábio. Mais uma delícia do sempre ótimo Camilleri.

Beijins!

Clara Arreguy, sexta-feira, setembro 19, 2008. 0 comentário(s).

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Para onde a vida

Incansável, Philip Roth acaba de lançar nos EUA novo romance, enquanto o penúltimo, Fantasma sai de cena, mal chegou ao Brasil. Fantasma possui todos os fantasmas que assombram o escritor norte-americano, como o câncer, o sexo, o amor, a origem judia e, mais recentemente, doença e morte. O alter ego do autor, Nathan Zuckerman, está com 71 anos e há 11 sem relação sexual, desde que contraiu câncer de próstata e, por conseqüência, ficou impotente e com incontinência urinária. Afastado da humanidade, morando nas montanhas, dá uma fugida a Nova York em busca de um tratamento para a incontinência. Acaba deparando com outros fantasmas: jovens escritores ávidos por boas histórias, que, em busca de escândalo e sucesso, revolvem o passado de um autor por quem Zuckerman teve admiração e amizade; uma mulher sedutora que vai tirá-lo da imobilidade e jogá-lo novamente numa paixão juvenil; dilemas da escrita, da memória, da honra e da ética, que tornarão seu curto presente e seu futuro incerto ainda mais intoleráveis. Mais uma grande obra de um autor que escarafuncha o que temos de melhor e pior e constrói a saga do nosso tempo.

Beijocas!

Clara Arreguy, sábado, setembro 13, 2008. 0 comentário(s).

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Mais que Brasil

Não deixe de ver Linha de passe, de Walter Salles e Daniela Thomas. O filme, mais que uma história brasileira, de família constituída por mãe grávida e quatro filhos sem pai, mergulha na alma de personagens universais que calham de ter nascido no subúrbio de uma grande cidade como São Paulo. Mais que Brasil, é experiência humana. Dramas como a procura pelo pai, pelo passado, pelo futuro, pelo sentido da existência em meio ao vazio, são colocados como numa crônica de pobreza em que importa menos onde do que como chegar. Violência passa por perto, mas não é o mote. A construção da vida, contra tudo e contra todos, é mais. E há grandes interpretações, capitaneadas por Sandra Corveloni, merecido prêmio de melhor atriz em Cannes.

Beijos!

Clara Arreguy, sábado, setembro 13, 2008. 0 comentário(s).

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