2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






Sonho vivo da juventude



Ainda na série #euleiomulheresvivas, mas muito mais que isso. Trata-se de Stella Maris Rezende, mineira brasiliense, como tantas de nós, e grande escritora, cuja coleção de prêmios comprova. Acabo de ler dela "Justamente porque sonhávamos" (Globo Livros), uma deliciosa aventura de uma turma de amigos numa cidade abandonada pela sorte, onde a juventude resiste porque sonha e ama. Onde a palavra é a salvação. Onde tudo parece tão perdido que só pode haver luz no fim do túnel.

As personagens principais são Suzana, Crispim, Lucília e Agenor. Jovens moradores de Ponta Escura, lugarejo marcado pelo abandono dos filhos pelos pais, sina herdada do tempo da ditadura. A não ser por Crispim, que vive com o pai, o melhor professor de português, incentivador da leitura e da poesia, os demais resistem contra tudo. As meninas amam ler. E Agenor tenta, por outros caminhos, conquistar seu lugar num mundo em que a cor da pele se interpõe ao afeto da avó que o cria.

Stella vai fundo na brincadeira com palavras, apresenta termos que poucos conhecem mas que todos entendem. É tranchã! Facilmente o leitor se apaixona pela menina que ama o teatro, pela outra, da boca maldita, pela resiliência de todos que relutam em aceitar a moira e apostam na transformação. É possível! É ao mesmo tempo divertido e profundo, angustiante e esperançoso. O sonho mantém vivos e lindos esses jovens, e todos que nos irmanamos a eles.

Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, novembro 30, 2017. 1 comentário(s).

______________________________________________________

#euleiomulheresvivas parte 2

A outra coletânea de mulheres editada pela Penalux a partir de provocação de Maria Valéria Rezende e do Mulherio das Letras é Águas passadas, organizada por Terezinha Pereira e Maria de Fátima Moreira Peres.

Dessa vez, as autoras reunidas são de Pará de Minas - ou nascidas ou radicadas naquela cidade do oeste mineiro. A ideia inicial era que cada uma das 16 escritoras contasse uma história sobre mulher forte. Ou seja, autoria e temática já diriam a intenção da publicação.

Com alguma irregularidade, a maioria dos contos de Águas passadas tem peso para estar na coletânea. São histórias bem escritas, de fácil leitura, que falam de velhas avós italianas tão presentes nas nossas famílias (Adélia Salles, "La mia nonna") ou de uma bela de jovem de quem os dentes são arrancados como forma de lhe extirpar a beleza e o desejo (Andréa Moreira, "Conto de Maria"); de uma viagem mágica de duas jovens (Angela Maria Xavier, "A medina e os faunos") ou da tentação de trair o marido (Carmélia Cândida, "Um olhar para Antônia"); da lenda da Mãe do Ouro (Conceição Cruz, "Pipoca e as sementes mágicas") ou de um personagem misterioso que surge na noite (Déa Miranda, "O lado oculto").

Em "As asas da serenidade", Hila Flávia escreve sobre o passar do tempo. Lígia Muniz, em "Relâmpago", sobre a fatalidade que recai sobre uma história de amor. Malluh Praxedes, em "Da noite para o dia", sobre a primeira vez. "Maria de Fátima Moreira Peres, em "De volta à infância", lembra os personagens do passado da cidade. Regina Capanema de Almeida, em "A menina elástico", reproduz um diálogo entre mãe e filha. Regina Marinho, em "Memoria de Ana", conta a história de uma escrava desde a viagem da África para o Brasil. Renata Teixeira da Silva, em "Nus", a do nascimento de um amor. Sandra Aguiar, em "Em um ritual outonístico", sobre o enfrentamento de uma terrível doença.

Por fim, em "O caso do vestido queimado", de Terezinha Pereira, uma avó revela à neta um segredo de família. E Tita, em "Chuva de prata", relembra a tradicional visita da santa às casas.

Beijos mil!

Clara Arreguy, quarta-feira, novembro 22, 2017. 1 comentário(s).

______________________________________________________

#euleiomulheresvivas parte 1


Nunca a hashtag #euleiomulheresvivas foi tão presente em minha vida. Tudo graças ao Mulherio das Letras, movimento que este ano tirou a poeira do imobilismo feminino e pôs a mulherada em ação, sob o comando de Maria Valéria Rezende, mas enriquecidas pela força da escrita de todas e de cada uma. Resumo da ópera: cerca de 300 mulheres do mundo do livro se encontraram em João Pessoa em outubro para discutir o fazer literário.

Escritoras, editoras (sou as duas), ilustradoras, livreiras, contadoras de histórias etc. estão empolgadas e o resultado disso já surgiu antes mesmo do encontro. Li dois livros que foram lançados lá, no mesmo horário e espaço em que autografei alguns dos meus. E que gratas leituras!

Trata-se de duas coletâneas de e sobre mulheres. Ambas editadas pela Penalux. Novena para pecar em paz reúne contos de nove escritoras de Brasília, todas com qualidade e intensidade literária. O material foi organizado pela Cinthia Kriemler, que assina uma das histórias, a forte "Destino", sobre prostituição e abandono.

As demais são as queridas Rosângela Vieira Rocha, autora de "O bolso do vestido azul", sobre uma mãe que precisa escolher a roupa com que sua filha será enterrada; Beatriz Leal Craveiro, que contribui com "Luz negra", sobre gaslighting, forma de opressão comum contra a mulher, quando o opressor faz crer que ela está louca; e Maria Amélia Elói, que fala de abuso infantil em "As duas irmãs".

Completam o grupo Lisa Alves e "Estranha fruta", sobre violência e morte numa história de amor entre mulheres; Lívia Milanez e "Um caule de mogno", sobre uma trans em momento de decisão; Mariana Carpanezzi e "Manual de mergulho", uma declaração de amor e saudade; Patrícia Colmenero e "Santa felicidade", um passeio de angústias pelo supermercado; e Paulliny Gualberto Tort e "Mirna", um ensaio de fuga do tédio familiar.

O post já ficou gigante, amanhã comento a outra coletânea, Águas passadas.

Clara Arreguy, terça-feira, novembro 21, 2017. 0 comentário(s).

______________________________________________________