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Denso e tenso

De volta a um autor que aprendi a apreciar, o gaúcho Menalton Braff, li dele o volume de contos "A coleira no pescoço" (Bertrand Brasil, 2005). São 20 contos em que o menor e o mais sublime do ser humano se esbarram e confrontam, por meio de histórias simples e duras. As metáforas começam e terminam no cão, do prisioneiro do velho, no conto que abre e dá nome ao livro, ao último, de nome Ego, na história que fecha o conjunto.

As perdas e os vazios ocupam todos os espaços, sem contemplação. No conto "Signo de Touro", Clotilde se desintegra ao rejeitar Sebastião, e passa o tempo (da narrativa) à procura de si. Assim vão os personagens, tentando ir embora, tentando encontrar o pai que um dia se foi, tentando trocar o passado na zona pelo tédio ao sabor de chocolate.

Econômico, seco, duro, implacável, Menalton Braff não desperdiça seu tempo nem o dos leitores. Cada palavra milimetricamente colocada na página traduz um estado de alma desconsolado. Dói, mas seduz.

Beijins!

Clara Arreguy, sexta-feira, novembro 30, 2012. 0 comentário(s).

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Terror no interior fluminense

O livro "A maldição de Fio Vilela", de Marcelo Araújo, acaba de sair pela Thesaurus, de Brasília. Traz mais uma novela de terror, gênero que o escritor carioca adotou e no qual tem investido - esta é sua terceira obra nessa linha.

Em tom entre juvenil e adulto, o autor situa numa cidade do interior fluminense as aventuras de um rapaz, Felipe, cuja família cruza em seu caminho com uma figura demoníaca, Fio Vilela, responsável pela perdição do pai de Felipe e pelos maiores temores da mãe, Maria.

Entre descobertas da juventude, como o amor e o sexo, e a procura de um rumo com estudo e profissão, Felipe esbarra em tentações que poderão desgraçá-lo e perpetuar a maldição.

A narrativa tem ritmo, boa composição de tipos e psicologia, construindo a tensão e o suspense conforme a proposta do gênero.

Beijins!

Clara Arreguy, quinta-feira, novembro 29, 2012. 1 comentário(s).

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Melhor 007? Não acho


O novo filme de 007, "Skyfall", tem muita ação interessante, mas não achei o melhor de todos, como foi propalado por aí, como se os tempos de Sean Connery tivessem ficado pra trás. Pera lá! Tudo bem que os efeitos de hoje em dia superam anos-luz aqueles primórdios, mas a simples adaptação das tramas aos novos tempos, sem Guerra Fria nem os famosos "inimigos" óbvios, não resolve tudo.

Vejamos por exemplo o "novo inimigo", o terrorismo, como vem sendo colocado, sem pátria nem coloração própria a não ser o ímpeto mercenário. Nesta nova produção, o inimigo é interno e tem o único objetivo de se vingar do sistema que o fez e destruiu. Ora, motivação mais tosca, impossível. A grande mãe encarnada por M, a grande mãe. Me poupe.

Em que pesem as boas interpretações, principalmente de Javier Bardem (foto de divulgação) e Judi Dench, e as sensacionais perseguições, o roteiro deixa a desejar, principalmente no momento em que um pouco de criatividade seria útil. Como na sequência final, na Escócia, em que todos os esforços os bandidos se dirigem ao time de 007 enxertado apenas por um velhinho e uma dinamite, sem qualquer recurso do serviço secreto. Me poupe de novo.

Ah, a apresentação é sensacional. Vale um filminho sozinho. Beijocas!


Clara Arreguy, quinta-feira, novembro 29, 2012. 0 comentário(s).

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Best-seller

Por outro lado, não se pode ficar de todo ausente da pauta, então li também o romance da moda, "50 tons de cinza", de E. L. James (Intrínseca, 456 páginas). Desde o início, se percebe que tem todos os elementos do best-seller: romantismo, erotismo, toques de tecnologia, escrita fluente, superficialidade.

A narradora, a jovem Anastasia, inteligente, tímida, dada a corar a cada pensamento ou olhar mais intento, fica conhecendo por um acaso o multimiliardário Christian Grey (cinza, em inglês). A paixão entre eles é instantânea, mas a sedução inclui a perda da virgindade dela e a revelação de que ele só aceita a relação entre dominador e submissa, o que inclui contrato, cláusula de confidencialidade, obediência, sujeição a perversões etc.

Entre iPhones, Macs, helicópteros, trocas de e-mails e outras modernidades, Ana descobre que Christian foi abusado na infância, o que explica muitas de suas excentricidades, e se envolve a ponto de experimentar limites de violência e prazer sado-masoquista.

O leitor sabe o tempo todo aonde aquilo tudo vai dar, não precisava de quase 500 páginas para tal. Também é página demais para apenas dois personagens, já que os coadjuvantes (os amigos dela, os empregados dele e as famílias dos dois) servem apenas de muleta narrativa, sem importância, história ou psicologia próprias.

Lê-se rapidamente. Ao final, a editora acrescenta o primeiro capítulo do segundo livro, numa tentativa de manter a atenção do leitor. É uma trilogia, e pelo andar da carruagem virão mais mil páginas de Chris tentando surrar Ana e Ana tentando abrir o coração de Chris. Pra mim tá de bom tamanho. Não vou ler os outros dois.

Beijocas!

Clara Arreguy, quarta-feira, novembro 14, 2012. 0 comentário(s).

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Atualizando

O bom de não estar na mídia diretamente é poder ler e comentar livros antigos, que não estão na pauta, apenas na estante. Caso daquele de contos da mitologia, que li recentemente, e agora de "Bangalô" (Editora 34, 128 páginas), de Marcelo Mirisola, um autor brasileiro premiado que eu nunca havia lido.

O romance foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom de 2004, é uma narrativa curta, curta e grossa, de um narrador em primeira pessoa que passa uma temporada de assombros e desassombros no bairro da Lagoa, em Florianópolis.

Perto do fundo do poço, de mal com a vida e o mundo, em guerra com passado, presente e futuro, ele se digladia com barquinhos, pores de sol, senhorio gay, mulheres. Em linguagem rascante, o escritor mergulha fundo no personagem e na ambiência, levando junto um leitor atordoado em envolvido por sua escrita crua e precisa como o corte de um bisturi.



Clara Arreguy, quarta-feira, novembro 14, 2012. 2 comentário(s).

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Mitos da humanidade

Hoje é meu último dia na Ascom/MDS e, por coincidência, o momento de escrever minha última coluna para a intranet. Não resisto a juntar os dois assuntos e aproveitar pra me despedir de todos os amigos que fiz aqui, de todos os profissionais que aprendi a admirar, numa relação de respeito mútuo. 

Para este último comentário, remeto-me ao livro que acabo de ler, uma coletânea com a grife de Flávio Moreira da Costa, mestre neste tipo de produção literária. Trata-se de “13 dos melhores contos da mitologia da literatura universal” (Ediouro, 208 páginas), que reúne, como o título diz, uma seleção especial de histórias. 

O interessante é que há todo tipo de mitologia na coletânea: da greco-romana – mais popular, com deuses e semideuses ligados a características tão humanas, Júpiter, Vênus, Mercúrio, etc. etc. – à africana, com a criação do mundo segundo a cultura ioruba, à indiana e à maia, da região onde hoje ficam México e Guatemala.

Entre os autores, há nomes de peso, que vão de Alberto Morávia a Franz Kafka, de Machado de Assis e Eça de Queirós a Mark Twain. E aqui está o melhor dos 13 contos selecionados por Flávio Moreira da Costa: Mark Twain reinventa o mito bíblico de criação do mundo, com os diários de Adão e Eva. Em narrativa brilhante em humor e leitura da humanidade, o escritor norte-americano fala das diferenças entre homens e mulheres desde o toque divino que pôs no mundo seres tão diferentes.

Aqui me despeço com alegria e saudade. Vocês podem me reencontrar no site (www.clara-arreguy.com), no blog (http://clara-arreguy.blogspot.com.br/) ou pelo e-mail (clarreguy@yahoo.com) .

Beijos!

Publicada no dia 1º/11/12 na intranet do MDS

Clara Arreguy, quinta-feira, novembro 08, 2012. 0 comentário(s).

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