2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






Vargas Llosa, um caso de amor

default

Meu primeiro Vargas Llosa foi presente do meu padrinho João Batista de Assis Corrêa, que me apresentou autores fundamentais. Com "A casa verde", fiquei tão impactada que disparei a ler outros títulos do autor peruano, numa paixão que resistiu até mesmo à "conversão" política dele ao neoliberalismo, o que poderia ter me afastado irreversivelmente. Mas não. Mantive a afinidade literária, apesar das desavenças políticas com o escritor.

Vargas Llosa possui uma obra que justifica plenamente o Nobel vencido em 2010. Cito apenas "A cidade e os cachorros" (que li como "Batismo de fogo"), "Conversa na catedral", "A festa do bode", "Os cadernos de Dom Rigoberto", "O elogio da madrasta" e "O paraíso na outra esquina", sabendo que tem mais uma dúzia de romances de igual estatura em sua bibliografia.

Poucos autores contemporâneos, como ele, mergulham na alma das pessoas e no animal político que é o homem com tão fácil capacidade de contar histórias. A cada novo romance que ele lança, novas viagens fantásticas pela escrita, pelo ser humano, pelo nosso tempo.

Acabo de ler o novo romance dele, "Cinco esquinas", que curti no original em espanhol, mas que já chegou ao Brasil em tradução. Quanta sutileza, quanta sensualidade na história de dois casais peruanos em meio à crise política e institucional durante o governo Fujimori, com sequestros, toques de recolher e a banalização da chantagem como instrumento político.

Conversando com amigas sobre Vargas Llosa, elas comentaram seu "Cartas a um jovem escritor", que confundi com o "Breve relato de um romance", anexo à edição de "A casa verde". Por causa da confusão, fui reler este último e afinal ler pela primeira vez as tais "Cartas". Que aula de literatura! Quanto ensinamento não apenas a um jovem escritor, mas a qualquer um que ame escrever ou ler.

Se há uma lição que essa minha "relação" com Vargas Llosa me apresenta para 2017 é que a divergência política não impede o diálogo, o respeito, a admiração pelo outro. Se esse outro usa inteligência e talento para criar a mais pura arte, que seja abençoado!

Beijos esperançosos!

Clara Arreguy, sábado, dezembro 31, 2016. 1 comentário(s).

______________________________________________________