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Rescaldos do Oscar


Depois do último comentário que fiz aqui, ainda vi Cisne Negro e O discurso do rei a tempo de aguardar a noite do Oscar tendo uma visão mais ampla dos competidores. Achei uma pena Bravura indômita não ter levado nada. Os irmãos Coen mereciam melhor reconhecimento, já que o faroeste deles tem ritmo, tensão, emoção, boa história e interpretações marcantes.

Quanto ao drama inglês, não creio que esteja à altura da estatueta principal, mas gostei, pela reconstituição de um momento histórico do qual pouco se sabe, e tendo como pano de fundo (ou vice-versa) a história da amizade daqueles dois homens, o monarca britânico e o terapeuta heterodoxo que o ajuda a superar a gagueira.

Justíssimas, na minha opinião, foram as premiações dos atores: Colin Firth, Natalie Portman, Christian Bale e Melissa Leo (foto), os principais e os coadjuvantes, se saíram superbem cada um. Cinema é mais legal de ver quanto melhores atores o defendem. Os quatro deram show. Valeu.


Ah, faltou reconhecimento ao documentário Lixo extraordinário. Uma pena!

Beijocas!

Clara Arreguy, segunda-feira, fevereiro 28, 2011. 0 comentário(s).

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Momentos negros da vida nacional

Terminei a leitura do terceiro volume do trabalho do Elio Gaspari sobre o regime militar, A ditadura derrotada (Companhia das Letras). Que bom que os sebos existem e nos vendem, a preços viáveis, livros praticamente novos como os dois últimos da série, que comprei recentemente. Este e o quarto, A ditadura encurralada, que já comecei a ler.
No terceiro, o jornalista se atém mais à biografia de Geisel e Golbery, os artífices do terceiro momento do regime militar no Brasil, nos anos 70 (os dois primeiros haviam sido o governo Castelo Branco, antes da edição do AI-5, e os de Costa e Silva e Médici, com o endurecimento da repressão).
Em 1974, Geisel toma posse e acena com a distensão lenta, gradativa e segura. O tempo ainda é de predomínio da violência repressiva, mas ele e Golbery estudam o fim da censura e das mortes nos porões, embora ainda se sintam à vontade com os instrumentos de exceção à mão.
Os livros, desnecessário dizer, são altamente informativos e desnudam um período da vida nacional que eu, pessoalmente, vivi com amargura e esperança, pois já lutava e acreditava que "amanhã vai ser outro dia" - como de fato foi.

PS - Ah, e sobre o livro do Schwanke que a C/Arte está editando, soube pelo Fernando Pedro que o lançamento deverá ser no final de março, no Museu de Arte da Pampulha. Vamos aguardar!

Beijins!

Clara Arreguy, quarta-feira, fevereiro 23, 2011. 0 comentário(s).

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Boxe sem glamour


Ainda na série sobre o Oscar, fui ver O vencedor, de David O. Russell, com Christian Bale e Mark Wahlberg (foto). Filme sobre boxe me dá um pouco de preguiça, mas este, contornando o tom edificante, mantém bom ritmo e pouca complacência com heroísmos.

Christian Bale, na pele do ex-lutador hoje viciado em crack, é forte candidato ao Oscar de coadjuvante. Melissa Leo, que faz a mãe dele e de Mark Wahlberg, também concorre com chance (a fita disputa ainda como melhor filme, roteiro, direção etc.)

Os protagonistas revivem a história real de irmãos ligados ao ringue. O mais velho, decadente, treina o mais jovem, um azarão, para ele superar uma carreira medíocre e se tornar um vencedor.

Detalhe não menos interessante é a louca família deles. A mãe tem nove filhos de dois casamentos, uma profusão de mulheres malucas com seus cabelos improváveis. O mundo do boxe ganha tratamento pouco glamoroso, um retrato amargo de um esporte de pouco charme se visto de perto.


Beijocas!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 22, 2011. 1 comentário(s).

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Um livro sobre Schwanke


Percurso do círculo é nome do livro que a Contraponto, de Florianópolis, acaba de lançar, contendo vida e obra do artista plástico catarinense Luiz Henrique Schwanke (1951-1992).

Com farto material iconográfico e densos estudos, o livro acompanha a curta, porém rica, trajetória de Schwanke, que foi desenhista, pintor, escultor e criador de uma obra de mais de 5 mil criações em 20 e poucos anos de carreira.

Schwanke era prolífico e imaginoso, obcecado pelas questões da luz, inventivo e inovador, a ponto de ter lançado, na Bienal de São Paulo de 1991, o famoso Cubo de Luz, uma instalação que reunia holofotes de estádio de futebol num espaço em que a luz fosse concentrada com tal intensidade que punha em risco o espaço aéreo.

O livro reúne reproduções da obra de Schwanke, assim como fotos do artista (a maioria registrada pelo meu companheiro, Paulo de Araújo, de quem era amigo e parceiro em vários trabalhos).

Schwanke escrevia muito, refletia sobre a criação, não apenas a sua, como a de seu tempo. Tinha conhecimentos, estudos, era também analisado por críticos e estudiosos. Recebeu os principais prêmios dos anos 80, inclusive no Salão de Arte de Belo Horizonte, além de ter feito exposições memoráveis em espaços públicos e privados do Rio, de São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina e por aí afora.

Schwanke se matou em 1992, num episódio chocante não apenas para quem o conheceu e com ele partilhou inquietações, mas também para o mundo das artes plásticas. A C/Arte, de BH, também prepara um livro sobre sua obra.


Beijos!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 22, 2011. 0 comentário(s).

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Outro forte candidato


Um faroeste como os de antigamente. Bravura indômita, dos irmãos Coen, proporciona emoção do início ao fim. Refilmagem do clássico que tinha John Wayne no papel principal, esta versão traz Jeff Bridges como o heroico, mas beberrão e decadente, federal contratado pela mocinha (Hailee Steinfeld) que teve o pai assassinado. Ela quer que ele capture o bandido, que também está sendo perseguido por um agente texano, vivido por Matt Damon.

O trio (foto) tem estilo, carisma e competência. Não é à toa que o filme disputa uma série de indicações ao Oscar. Não bastassem a aventura, os diálogos e interpretações, a grandiosidade da produção se espalha pela direção de arte, fotografia e todos os aspectos que, mesmo não sendo a essência, compõem para fazer do cinema uma arte superior.

Vale a pena.


E beijos!
Foto: Divulgação

Clara Arreguy, sexta-feira, fevereiro 18, 2011. 1 comentário(s).

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Um luxo no lixo


O documentário Lixo extraordinário é forte candidato ao Oscar em sua categoria. Coprodução entre a Inglaterra e o Brasil, tem direção da britânica Lucy Walker e codireção dos brasileiros João Jardim e Karen Harley.

Não que seja um primor em matéria de linguagem cinematográfica. Convencional, chega a assustar, no início, pelo tom artificial, inclusive pelos diálogos em inglês de personagens brasileiros falando entre si. Câmera burocrática e falas burocráticas não antecipam a torrente de boas histórias e emoções que está por vir.

Tudo isso se passa enquanto o artista plástico Vik Muniz e sua equipe estão tendo a ideia de fazer um trabalho social e artístico junto ao pessoal do lixão, no Rio de Janeiro. Quando entram em cena os catadores do Jardim Gramacho, no entanto, a história é outra.

Tião, Ísis, Zumbi, Suelem e outras figuras carismáticas, com sua vida misturada ao lixo e suas lições ambientais e humanas, se transformam e transformam quem os acompanha por intermédio do trabalho de Vik Muniz. Com eles, o filme ganha, mais que valor como obra, uma importância política impensada.

É preciso ver Lixo extraordinário.


Beijos!
Foto: Divulgação

Clara Arreguy, quinta-feira, fevereiro 17, 2011. 1 comentário(s).

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No clima retrô

A leitura dos livros sobre a ditadura militar me remeteu a situações vividas naquela época, ainda criança, vivas na memória mas adormecidas sob o peso dos anos. Músicas, por exemplo. O hino do sesquicentenário da Independência, de cuja letra me lembrava praticamente inteira, não consegui achar no YouTube, mas conferi a letra, parece que de autoria de Miguel Gustavo (o mesmo do Pra frente Brasil).
Fui dar uma checada nos hits de Dom e Ravel, os porta-vozes da ditadura em suas mensagens edificantes para a juventude, e encontrei boa parte deles no YouTube. Não era só Eu te amo, meu Brasil, mas também Marcas do que se foi, Só o amor constrói e Você também é responsável, coisas incrivelmente engraçadas se ouvidas fora do contexto repressivo da época.
Nos comentários a essas músicas, na rede, manifestações do pessoal da direita lamentando saudosos o fim do regime militar e dos "verdadeiros patriotas".
Tire do contexto e ria. Sem tirar, é de chorar.

Beijocas!

Clara Arreguy, quinta-feira, fevereiro 10, 2011. 0 comentário(s).

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Tempos negros da ditadura

Na sequência da leitura de A ditadura envergonhada, li A ditadura escancarada (Companhia das Letras), no qual o jornalista Elio Gaspari prossegue a narrativa da história do Brasil no período do regime militar. Desta vez, o trecho histórico vai do AI-5 (dezembro de 1968) ao fim do governo Médici, quando a luta armada urbana e a guerrilha rural do Araguaia foram dizimadas pelas forças do governo.

Novo trabalho alentado, com cerca de 500 páginas fartamente documentadas, inclusive por cadernos de fotos dos episódios e personagens do período, o livro narra os principais fatos e o que houve com cada envolvido.

Para quem viveu a época, é mais que importante detalhar o ocorrido no País, quando repressão virulenta, censura e crescimento econômico, no chamada Milagre Brasileiro, construíram a "paz armada" e o silêncio dos amorçados.

Mitos e lendas ganham luz, e não apenas os produzidos pela ditadura, mas também aqueles que a esquerda criou quando, esmagada pela força, resistia em admitir os próprios erros.

Começo agora a leitura do terceiro volume da série, A ditadura derrotada, e depois comento.



Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, fevereiro 10, 2011. 0 comentário(s).

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