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Uma leitura decepcionante

Mais uma leitura dentro do nosso clube, que se atém a autores de e sobre Brasília. Desta vez, uma decepção. "O Lobo do Planalto", de Paulo Dantas, foi avaliado negativamente pelos leitores do grupo, por uma série de problemas. A falta de uma estrutura de romance e de enredo interessante, mesmo tendo diante de si um tema interessante, que são os primeiros tempos de Brasília, da construção da cidade ao início dos anos 1970.

O narrador protagonista viveu tudo isso e não tira nada em termos de emoção. Fica em descrições de tons em momentos até poéticos, mas repetitivas, rasas. Os personagens poderiam render construções de interesse, mas são citados anedoticamente, sem qualquer profundidade. O contexto de início de ditadura também passa en passant, sem que se saiba em que circunstâncias o narrador foi jornalista, preso e solto, para virar dono de bar.

Mas o pior mesmo são as tiradas machistas e racistas, talvez aceitáveis na época, mas de notório mau gosto. Mulheres tratadas ora como prostitutas, ora como incapazes, objetos sexuais sem conteúdo. Referências à beleza vinculada à brancura da pele e à sensualidade das morenas e mulatas... Um festival de impropriedades e de preconceitos, embalados em edição repleta de erros ortográficos crassos...

Enfim, pouco do que se esperava de um romance que pretendia ser o primeiro a ter na nossa cidade seu personagem e tema épico. Pouca informação, pouca reflexão. Lamentável.

Beijos!

Clara Arreguy, terça-feira, maio 19, 2015. 0 comentário(s).

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Ficção política futurista

A Patrícia Baikal, colega do clube de leitura direcionado a autores brasilienses, é também autora - e das corajosas. Acaba de lançar "Mariposa - Asas que mudaram a direção do vento" (Editora Kiron), uma ficção política futurista, ambientada na capital federal no ano de 2020 e cheia de ousadias.

A começar pelo tema, a política, e pelo enredo, a história de um senador honesto em sua luta contra um corrupto poderoso. O embate entre os dois permite à autora tecer uma trama de suspense, em que Nicolas se torna vítima de várias tentativas de assassinato por Brassel, temperada pelo mistério de uma personagem feminina que ao mesmo tempo o ajuda, seduz e intriga ao longo da história.

Entre sessões do Senado, passeios por pontos conhecidos de Brasília, visitas noturnas à Torre de TV e ao Palácio da Alvorada, temos situações que comportam, com lógica interna e sentido na trama, até uma temporada na comunidade quilombola dos Kalungas, no norte de Goiás.

Patrícia vai fundo na proposta de enredar o personagens pelos mistérios de Mariposa e de uma Ordem da qual fazem parte pessoas de bem, investidas ou não de poder, que agem para salvar o país das garras dos desonestos e corruptos. Na minha opinião política, falta um pouco de povo, movimento social, controle popular, para que o ambicionado propósito funcione. Mas, para ficção de futuro, não deixa de ser curiosa a solução que ela apresenta.

Parabéns à Patrícia!

E beijos a todos!

Clara Arreguy, sábado, maio 09, 2015. 0 comentário(s).

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Amada Serra do Curral

Também da série da Conceito, o volume "Serra do Curral", de Luís Giffoni, é um dos mais belos e importantes relatos de BH. A cidade de cada um. Pela importância da "homenageada" na vida, na saúde, no bem-estar, no imaginário, na poesia dos belo-horizontinos.

Giffoni escreve bem como poucos. E ama a Serra do Curral tanto, que desde menino se permitia o desafio de escalá-la, contra os riscos e perigos de uma época em que não havia celular nem sinais de fumaça para um pedido de resgate - caso necessário.

No livro, o escritor conta toda a história geológica, científica, pré-histórica da formação rochosa que emoldura Belo Horizonte, com riqueza de informações técnicas, porém sem nunca se tornar cansativo ou difícil. Tudo claro e límpido como as águas dos riachos que cortam a nossa amada serra.

Depois, a narrativa vai para a ocupação humana, a chegada de gente ao seu sopé, a cobiça e a exploração que suas riquezas minerais despertam há 300 anos. E tome mineração, especulação imobiliária, desmatamento, degradação.

Numa visita ao Parque das Mangabeiras - que refiz tão logo terminei a leitura, quanta beleza, gente! -, Giffoni descreve fauna, flora, acidentes geográficos, toda a riqueza natural que, ao final, conclama a preservar, para não legarmos aos nossos netos e bisnetos somente descaso, descuido, desprezo pelo que temos de mais belo em nossa cidade.

Amei o livro, amo cada vez mais nossa Serra do Curral, nosso parque, nossas cascatas, quatis, passarinhos e borboletas. Vamos protegê-los para o futuro?

Beijocas!

Clara Arreguy, segunda-feira, maio 04, 2015. 0 comentário(s).

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Colégio Estadual

Da série BH. A cidade de cada um, da Conceito (pela qual lancei meu "Fafich", reeditado no ano passado), li agora "Colégio Estadual", do jornalista Renato Moraes. Fui cheia de expectativa e emoção, não só por ter estudado ali entre 1975 e 1977, como pela possibilidade de aparecerem na história pessoas das minhas relações também ligadas àquela escola.

Meus dois irmãos mais velhos, Luiz Flávio e José Henriques (o Tostão), que viveram momentos intensos no meio estudantil nos anos 1950 e 1960, não comparecem no livro, mas meu tio João Etienne, que foi professor por décadas no Estadual, acaba sendo um dos personagens. Assim como a presidenta Dilma e outros, mais ou menos famosos, como os amigos Paulinho Saturnino, Márcio Borges, Beatriz Dantas, Toninho Horta, a família Borges Martins e tantos mais.

A narrativa de Renato Moraes busca não só a história do Estadual, como sua importância arquitetônica - desde que ganhou a sede desenhada por Oscar Niemeyer, ali na confluência de Santo Antônio e Lourdes, bairros nobres de Belo Horizonte -, como a mística em torno de um centro de formação política, cultural e afetiva da capital mineira.

O colégio foi tudo isso entre os anos 1950 e 1960, perdendo parte do encanto quanto mais se aprofundava a ditadura, com o ranço autoritário que se espraiava por tudo - até no simbólico de cercar de muros, grades, correntes e cadeados o espaço projetado para transpirar liberdade e criatividade.

Um único senão são informações datadas, como chamar de "hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio" o governador de Minas, Fernando Pimentel. Bastava dizer "em 2014 ministro"... Fácil de corrigir na próxima edição.

Beijos, então!

Clara Arreguy, domingo, maio 03, 2015. 0 comentário(s).

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