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Mundo (zen) animal

Foto: Divulgação

Menos história de aventura animal do que história de amizade animal, Sempre ao seu lado, de Lasse Hallström, se baseia num filme japonês, por sua vez criado a partir de um fato real ocorrido entre os anos 20 e 30, no Japão. A comovente amizade entre um cão e seu dono. Hachi, o bichinho, encontra (ou é encontrado por) Parker (Richard Gere), um professor de música, que o adota com tamanha devoção (mútua) que os destinos dos dois estarão eternamente ligados, mesmo após a morte do ser humano.
Com delicadeza e sem preocupação com mirabolantes efeitos que demonstrem as habilidades quase humanas do cão, a adaptação se concentra na relação zen que supera a morte e humaniza o animal sem forçar a barra. O instinto de lealdade e apego é qualidade a aprender, mas não tem nada a ver com subserviência ou dominação. Amor e amizade são os sentimentos mais nobres e falam mais alto aos olhos de todos que passam pelo caminho de Hachi.
Fora isso, os atores são fofos demais. Seja Richard Gere, do alto de seus 60 anos (no papel de 50), seja os cachorrinhos que interpretam Hachi bebê, Hachi adulto e Hachi velhinho. Metade do cinema chora, a outra até cochila, mas quem não tem pressa nesta vida corrida pode curtir bons momentos do melodrama.

Beijos!

Clara Arreguy, sábado, dezembro 26, 2009. 0 comentário(s).

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Feliz Natal, com John e Yoko

Happy Xmas Yoko
Happy Xmas John

And so this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you'll have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very Merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong
And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight
A very Merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
A new one just begun
And so happy Christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very Merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear

War is over, if you want it
War is over, now

Happy Christmas

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 24, 2009. 0 comentário(s).

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A estrela


Assim como falamos aqui do desempenho de Andréa Beltrão, é preciso reverenciar sem pudor a estrela que é Glória Pires. Só ontem à noite pude ver É proibido fumar, de Anna Muylaert, muito justamente vencedor dos principais prêmios do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro deste ano. Inclusive os de melhor ator e atriz. Podem dizer que Paulo Miklos faz papel de Paulo Miklos (o que não é verdade, ele está ótimo no filme), mas de Glória Pires ninguém dirá que se repete. Se ela abriu o festival deste ano no centro do polêmico Lula, o filho do Brasil, de Fábio Barreto, como a mãe do presidente e fio condutor da narrativa, na comédia que venceu o certame é outro o foco.

Em É proibido fumar, Glória Pires faz uma mulher incapaz de uma ação mais positiva na própria vida, parada dentro de um apartamento onde mal e mal dá aulas de violão. A chegada de um vizinho músico e o vislumbre de uma relação com novidade e alegria mobilizam essa mulher, que vive às voltas com modelos de irmãs que rejeita (a mãe de família e dona de casa, de um lado, e a executiva bem-sucedida, de outro).

Detalhe: o sotaquinho de paulista, sutil, que a atriz inventa sem cair na caricatura (como não havia caído ao falar em "nordestinês" no outro filme).

Glória Pires tem quase tanto tempo de carreira quanto de vida, é um dos maiores nomes da telenovela brasileira, que defende com talento e garra, sem preconceito, e nunca havia ganhado um prêmio por cinema. Emocionou-se em Brasília quando levantou seu primeiro Candango. Merecido. É uma estrela, capaz de dar ainda mais substância à comédia em que Anna Muylaert está mais interessada em fazer pensar do que em fazer rir.


Beijos e feliz Natal!


PS - Para nós, mineiros, é sempre um prazer ver nas telas atores do talento dos que temos, só que confinados ao teatro (local, nacional e internacional). É o caso de Antônio Edson, o Toninho do Galpão (com Glória, na foto), que faz bem o papel do porteiro, determinante na trama.

Clara Arreguy, quarta-feira, dezembro 23, 2009. 0 comentário(s).

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Comediante dramática

Foto: Divulgação

A exibição, pelo Canal Brasil, do drama Verônica, de Maurício Farias, tão próxima da estreia nos cinemas de Salve geral, de Sergio Rezende, evidencia uma qualidade de Andréa Beltrão nem sempre lembrada: a de atriz dramática. Mais conhecida pelas personagens cômicas que sempre defendeu (e bem) no cinema, no teatro e na televisão, a Marilda de A grande família e a eterna Zelda Scott, de Armação Ilimitada, apresenta nesses dois filmes recentes, ambos sobre temática policial e barra-pesada, recursos dramáticos raramente vistos nos poucos papéis do gênero, em sua carreira.

Em Salve geral a tensão era mais exterior, com mais cenas de violência explícita do que em Verônica. Neste, embora também haja perseguições e tiros, o melhor do conflito se dá na alma da personagem que nomeia o filme, uma professora primária da rede pública desgastada pela relação com as crianças, pela falta de condições de trabalho, pela penúria financeira e emocional, pela vida desvalida que leva - e sem querer condenada a se superar para cuidar de alguém ainda mais desvalido que ela.

Em interpretação forte e de poucas palavras, Andréa Beltrão conduz, ao lado do menino Matheus de Sá (foto), a narrativa cheia de sutilezas que permeia uma trama nada sutil.

Beijos e boa semana de Natal!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 21, 2009. 1 comentário(s).

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Uma história de amor

Foto: Dvulgação

Um Almodóvar maduro é garantia de excelência. Abraços partidos, o novo filme do diretor espanhol, pode ser definido assim. História de amor com uma série de outras complexidades, a fita traz uma trama em que visão e cegueira, culpa e redenção se entrelaçam para formar um painel de nada singelas emoções.

Pedro Almodóvar hoje em dia domina de tal forma a linguagem cinemtográfica que todas as referências que faz à história do cinema se encaixam de forma não linear nem didática. E as há de monte em Abraços partidos, na história do diretor que fica cego ao perder a mulher amada e, com ela, a identidade, a história, o passado. Mas nem (sempre) tudo está perdido, quando há remissão e resgate, com a possibilidade de construção do novo a partir dos erros de outrora.

Penélope Cruz e Lluis Homar (foto) atuam com brilho, ao lado de todo um elenco perfeito, sob a batuta de um cineasta que criou um universo narrativo fascinante, em que nenhum elemento é gratuito e tudo se compõe para criar uma obra tão intrigante quanto prazerosa.

Beijins!

Clara Arreguy, sexta-feira, dezembro 18, 2009. 1 comentário(s).

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Balada do louco

Foto: Divulgação

Só ontem vi, pelo Canal Brasil, o filme Lóki - Arnaldo Baptista, o documentário de Paulo Henrique Fontenele que a emissora produziu e que acompanha a trajetória do compositor e músico, ex-integrante dos Mutantes. Uma história marcada por trágicos eventos, o mais deles o processo de sofrimento mental que tomou conta do artista boa parte de sua vida e que, com ou sem razão, imprimiu sobre ele a pecha de louco.

Criador genial, Arnaldo influenciou gerações - são eloquentes os depoimentos, no filme, de gente como Kurt Cobain e Sean Lennon, ao lado de brasileiros como Lobão, Roberto Menescal ou John Ulhoa, contemporâneos dele, gente que partilhou momentos alegres e tristes, gente que veio antes ou depois, mas que se aqueceu à luz de sua estrela.

Vida particular e arte, em Arnaldo Baptista, se misturaram de tal forma que acompanhamos tudo, com a crueldade típica da mídia, de seu calvário ao "enlouquecimento", do brilho ao acidente (ou tentativa de suicídio, não há verdade única no episódio), da separação de Rita Lee ao encontro com Lúcia (com ele na foto), a companheira cujo amor o resgatou de volta à vida.

Ao mostrar os Mutantes nos anos 60 e 70, depois a retomada, 33 anos mais tarde, vemos um filme não apenas tocante como necessário, por recolocar a importância de um artista que atuou no ponto de inflexão da música popular brasileira - a Tropicália - e por permitir a recuperação de uma memória até então dispersa por aí.

Beijões!

Clara Arreguy, sexta-feira, dezembro 18, 2009. 0 comentário(s).

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Uma dica poética

Foto: Divulgação/Campo das Letras

Por gosto ou dever de ofício, a gente acaba acompanhando uma série de blogs políticos e culturais, uns bons, outros nem tanto. Um que apenas recentemente comecei a acompanhar - e com que prazer! é o do Paulinho Assunção: http://paulinhoassuncao.blogspot.com/.

Jornalista e escritor, Paulinho mantém um blog literário com seus textos refinadíssimos, de alta voltagem poética, um deleite para o leitor, seja ou não seu amigo, como eu.

Sou colecionadora dos livros que Paulinho produz e distribui pessoalmente, independentemente. Desde o já antológico A sagrada blasfêmia dos bares, do qual, não sei mais por quê, tenho dois exemplares históricos, tento ler tudo que ele escreve. Numa temporada dele nos Estados Unidos, recebia seu "diário" de então, um precursor do blog. Fiquei distante alguns anos, mas não perdi o gosto por sua literatura, dele e de seus heterônimos.

Sobre Paulinho Assunção, há uma piada que nunca esqueço. Quando trabalhos juntos na assessoria de comunicação da Fundação Clóvis Salgado, outro colega querido era o fotógrafo Valdir Lau, o Didi, enrolado notório. Paulinho e Didi eram muito amigos, cada um mais criativo e cheio de ideias. Um belo dia, mantiveram o seguinte diálogo:

Paulinho: Didi, estou uma usina!
Didi: E eu, uma bobina...

Beijos poéticos!

ps - ah, no Twitter ele assina Assun_P

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 14, 2009. 0 comentário(s).

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Ainda (e sempre) Tim

Leitores, como o amigo Wá, estão na mesma sintonia que eu. Depois de ler (durante a viagem a Caxias do Sul, para a abertura da exposição do Paulo de Araújo, 3XNeusa) a excelente biografia de Nelson Motta, Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia, sobre o rei do suingue brasileiro, troquei a ideia fixa de Beatles pela monomania de Tim. Comecei a reouvir tudo que tenho, das obras inesquecíveis às mais picaretas (coletâneas essencialmente comerciais) e discos póstumos, sem tanto valor que não o sentimental.
Parei nos dois em inglês: a coletânea These are the songs - Tim Maia canta em inglês, lançada em CD em 2001, mas com faixas antigas de sua autoria; e What a wonderful world, com canções americanas, lançada em 1997, pouco antes de sua morte, naquela leva de discos que ele produziu em seu estúdio, com a eterna banda Vitória Régia.
Assim como aqueles em que Tim relê a bossa nova, esses são exemplares do vigor de intérprete de um criador raro. Sobre isso, pouco depois da morte de Tim encomendei ao Rick (meu irmão) que gravasse um CD pra mim só com releituras de Tim para pérolas dos outros. Tem das bossas novas a Arrastão, Oceano, Saigon, Lindo lago do amor, Só você, Como uma onda e dezenas de outras maravilhas.
Resultado: nesses últimos anos, o CD embalou tanto minhas melhores horas que praticamente furou. Arranhado, não toca mais nem em computador nem nos aparelhos mais "pé duro" que tenho, capazes de rodar qualquer mídia. Snif. Lá se vai embora Tim Maia mais uma vez.

Beijus!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 10, 2009. 1 comentário(s).

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Saudade de Tim Maia

Foto: Divulgação

Uma das vantagens de não estar atrelada a uma instituição é poder ler fora de hora. Explico: é que, quando eu era editora de cultura de jornal, ficava obrigada a ler apenas lançamentos, o resto estava desatualizado. E depois que passava, não dava mais matéria. Agora, livre, estou tirando o atraso. Um deles, a deliciosa biografia de Tim Maia escrita por Nelson Motta três anos atrás. Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia (Objetiva, 392 páginas, cerca de R$ 40).

Que Tim Maia era um personagem antológico, todo mundo sabia. Muitas das histórias dele já eram conhecidas pelo folclore em torno de sua figura, por entrevistas em que misturava ironia com rara franqueza, até pelo livro que o amigo Fábio, companheiro de música e maluquices durante boa parte da vida, lançou em 2007 (o link para meu post neste blog é http://www.clara-arreguy.com/arquivos/2007_03_01_arquivo.html).

No livro de Nelson Motta, no entanto, a história do grande artista e do homem atormentado ganha fôlego de épico, com todos os motivos para tal. Tim era grandioso no talento e nos problemas, nada dele foi discreto ou menor. Até as aprontações, os vícios, os processos, os voos e os tombos. Fora os casos divertidos, as tiradas, a malandragem exercida em sua plenitude.

Tenho mais de 20 discos dele, chorei muito quando ele morreu, e a leitura da biografia me ajudou a matar um pouco a saudade de sua irreverência.

Vale a pena. Vale tudo, por sinal.

Beijões!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 07, 2009. 1 comentário(s).

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Teatro e fotografia juntos

Vai ser aberta nesta quinta-feira (3/12/09), em Caxias do Sul (RS), a mostra 3XNeusa, em que o fotógrafo Paulo de Araújo (meu companheiro) registra três séries de fotos protagonizadas pela atriz Neusa Thomasi. Feitas em tempos e espaços distintos, as séries começaram há 21 anos, na cidade gaúcha, mesmo, quando os dois artistas criaram um protesto contra a decadência de um espaço que deveria ser destinado à cultura. Surgiu assim "Retorno ao primitivo".
Anos depois, em Joinville, eles produziram outra série, tendo como tema a bicicleta. "Joinbike" é o título. Finalmente, em 2007, em Paris, fizeram novo trabalho fotográfico, "Printemps".
As três séries, realizadas em formatos diferentes (p&b, filme cor e digital), serão apresentadas em suportes diferentes e darão o mote para a oficina de foto que Paulo de Araújo vai ministrar em Caxias. Paralelamente, Neusa Thomasi dará oficina de teatro. Alunos dele registrarão, ao final, o resultado das aulas dela.
O trabalho é belo, artístico, forte, instigante. Você pode conferir todas as fotos no link http://www.tridiacriacao.com/lagoeste/3xn/.

Beijins!

Clara Arreguy, quarta-feira, dezembro 02, 2009. 0 comentário(s).

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De sanguinário a divindade



O Jonas Vilela queria ler algo sobre Gêngis Khan, pois sentia que não saber sobre ele seria uma falha em sua formação histórica. Me pediu emprestado o livro, mas achei melhor lê-lo antes de emprestar. Assim, por demanda do grande psicanalista, meu cunhado, li Gêngis Khan - A vida do guerreiro que virou mito, de John Man (Ediouro, 436 páginas, R$ 39). Para minha surpresa, tratava-se de mais que uma biografia em forma de romance histórico. Trata-se, na verdade, de uma ampla pesaquisa desenvolvida pelo inglês, que viajou longamente à Mongólia e destrinchou a história daquele país, daquele povo, com seus costumes e, claro, o líder que unificou e deu início à construção e expansão de um império que chegou a cobrir meio mundo, literalmente.

Gêngis teve uma vida de feitos desde a infância, e boa parte de tudo foi registrada num livro escrito em seu tempo e usado como fonte por Man. Muita coisa não consta no livro, mas aparece em registros de historiadores turcos, russos, chineses, etc. Assim, cotejando fontes, visitando, pesquisando, John Man traça seu painel. Tanto a história de Gêngis quanto a do povo mongol e a saga de Man em busca do local exato do túmulo de Gêngis estão no livro, ao lado de mapas, fotos, reproduções de obras de arte da época e posteriores.

A conclusão passa pela política contemporânea, já que, durante o tempo da União Soviética a Mongólia pertenceu ao "império russo" e hoje recuperou a independência, mas sob forte influência da China (que já dominou).

Dois fatos curiosos: tanto a China quanto a Mongólia reivindicam a memória de Gêngis. A Mongólia, por motivos óbvios, por ter sido ele o líder de um império. A China, porque Gêngis é considerado o fundador de uma dinastia e, assim, ele teria liderado não a Mongólia, mas a China, na expansão do império. A outra curiosidade é o fato de um guerreiro sanguinário e implacável, que comandou extermínio em massa de povos e culturas, como os muçulmanos, hoje inspirar um endeusamento como figura de paz e espiritualidade.


Beijos!

Clara Arreguy, quarta-feira, dezembro 02, 2009. 1 comentário(s).

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Dezembro

Sei que é dezembro porque, ao sair cedo de casa para pedalar no parque, deparei com as cássias floridas naquele amarelo esplendoroso que só havia visto em dezembro do ano passado.
Frondosa e imponente, seja cássia, canafístula ou o nome que tenha, no cerrado ou no Paraná, ela teceu no chão um tapete de ouro sobre o qual as rodas da minha bike passaram impiedosas, afinal, flanar sobre um mar de flores não é dado a qualquer um, a qualquer mês. Benditas cássias a anunciar dezembro, com tudo que isso quer dizer: fim de uma jornada, hora de dar balanço em planos não feitos e cumpridos, em sonhos planejados e irrealizados, hora de escolher entre a bebedeira desvairada e a adesão incontida ao impulso da saúde, do sol, do sal, do sul, ar pulmões adentro, pernas pra que te quero, pra viajar, aqui ou lá, com a mente flutuando entre o ontem e o amanhã, sabendo que só existe mesmo o hoje.
Hoje de dezembro, de cássia amarela, de chão de flores, de pedal a desafiar o tempo. Balanço: quem fica parado é poste. Na bike, ou você pedala ou cai. Feliz, saio por aí montada na magrela amarelinha, vestida de amarelo, olhos a contemplar o infinito amarelo das cássias em flor.

Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 01, 2009. 1 comentário(s).

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Valeu, Alécio!

A cultura de Minas e do Brasil está de luto pela morte do jornalista Alécio Cunha, sábado passado, de complicações após um aneurisma que o deixou em coma por quase dois meses. Alécio foi um grande companheiro de batalhas pela arte e pela cultura, não só de Minas, como universal. Crítico e repórter do jornal Hoje em Dia, empolgado com a literatura, compartilhamos algumas coberturas em que ele manifestava garra e ânimo vívido. Lembro-me particularmente de duas: a Bienal do Livro de São Paulo, em 2004, pouco antes de eu trocar Belo Horizonte por Brasília, e a Feira do Livro de BH, quando eu já estava em Brasília, mas tivemos um encontro alegre e profícuo.
Com aquela energia que o marcava, Alécio gostou do meu primeiro romance, Segunda divisão. Fez uma linda matéria, que pode ser vista na seção de clipping deste site (o link é www.clara-arreguy.com/clipping/hd-22ago05.htm), após uma leitura crítica e atenta e uma entrevista inteligente, como não poderia deixar de ser.
Ótimo papo, ótimo colega, ótimo profissional. Uma perda lastimável, ainda mais considerando que tinha apenas 40 anos, muitos livros a ler e escrever, muita estrada a percorrer. Pelo que deixou de amigos e lembranças, foi daquelas pessoas que não passaram a vida em branco. Fez valer cada segundo.
Valeu, Alécio! Deixará saudades!

Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 01, 2009. 0 comentário(s).

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