Dezembro
Sei que é dezembro porque, ao sair cedo de casa para pedalar no parque, deparei com as cássias floridas naquele amarelo esplendoroso que só havia visto em dezembro do ano passado.
Frondosa e imponente, seja cássia, canafístula ou o nome que tenha, no cerrado ou no Paraná, ela teceu no chão um tapete de ouro sobre o qual as rodas da minha bike passaram impiedosas, afinal, flanar sobre um mar de flores não é dado a qualquer um, a qualquer mês. Benditas cássias a anunciar dezembro, com tudo que isso quer dizer: fim de uma jornada, hora de dar balanço em planos não feitos e cumpridos, em sonhos planejados e irrealizados, hora de escolher entre a bebedeira desvairada e a adesão incontida ao impulso da saúde, do sol, do sal, do sul, ar pulmões adentro, pernas pra que te quero, pra viajar, aqui ou lá, com a mente flutuando entre o ontem e o amanhã, sabendo que só existe mesmo o hoje.
Hoje de dezembro, de cássia amarela, de chão de flores, de pedal a desafiar o tempo. Balanço: quem fica parado é poste. Na bike, ou você pedala ou cai. Feliz, saio por aí montada na magrela amarelinha, vestida de amarelo, olhos a contemplar o infinito amarelo das cássias em flor.
Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 01, 2009.
______________________________________________________