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O original é sempre melhor


Fui assistir a "Olhos da Justiça", de Billy Ray, pensando se tratar de mais um bom policial, mas já nas primeiras cenas entendi que era a refilmagem de "O Segredo de Teus Olhos", de Juan José Campanella, ganhador do Oscar de melhor filme em língua estrangeira em 2009.

Claro que o original é melhor. Por mais que o filme americano se esforce por manter todos os principais elementos do premiado roteiro argentino, ninguém chega aos pés de Ricardo Darín, o protagonista, apesar do esforço de Chiwetel Ejiofor (foto). Ouso dizer que nem Nicole Kidman se aproxima do charme e do mistério de Soledad Villamil. Já a personagem de Julia Roberts, que dá algum peso dramático ao thriller, nem sequer existe na película argentina. Então...

A trama é praticamente a mesma: um assassinato bárbaro fica impune porque a polícia tem interesse em manter livre o principal suspeito. No filme argentino, a ditadura e os grupos paramilitares que atuaram no país davam o pano de fundo. Na produção dos EUA, o caso se transporta para 2001, época dos ataques às Torres Gêmeas, com a paranoia em torno de muçulmanos e mesquitas.

Paralelamente ao caso policial em si, os dois protagonistas, um agente e sua colega, vivem uma história de amor abafada por vários e fortes motivos, e isso reaparece, anos depois, quando o agente descobre a verdade dos fatos. No filme argentino, um Darín com o coração despedaçado matava de paixão metade da plateia. No filme americano, o sucesso do romance entre um negro e uma lourinha está descartado de antemão. Pior pro filme.

Bjs!

Clara Arreguy, sexta-feira, dezembro 18, 2015. 0 comentário(s).

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Arte moderna, valores universais


Outro filme interessante entre os que tenho visto foi "Picasso e o Roubo da Monalisa", do espanhol Fernando Colomo, mas ele saiu rapidamente de cartaz em Brasília, não sei se está passando em BH ou outras praças.

Muito interessante a reconstituição de um período fértil da arte moderna, início do século XX, quando Pablo Picasso, Guillaume Apolinnaire e outros artistas e críticos de arte despontavam, quebrando tabus e destruindo barreiras de uma arte até então acadêmica, cheia de regras.

O episódio real do furto da peça magna do Museu do Louvre, La Gioconda, de Leonardo da Vinci, propicia um interessante debate sobre arte e artistas, além de falar sobre amizade, lealdade e outros valores humanos.

Ótimo filme, pena que condenado a salas de pouca visitação, em tempos de supersucessos dos megaestúdios.

Bjs!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 17, 2015. 0 comentário(s).

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Cultura contra a barbárie


Tem gente que só de ouvir falar em melodrama foge correndo. Não é o meu caso. Adoro histórias edificantes - claro, se feitas com qualidade e coração. É o caso de "Tudo que aprendemos juntos", de Sérgio Machado, com Lázaro Ramos no papel principal.

O filme é adaptação da peça "Acorda Brasil", de Antônio Ermírio de Moraes, por sua vez baseada na história real da criação da orquestra de Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo.

Lázaro Ramos é Laerte, violinista virtuoso, ex-menino prodígio, que sofre uma crise de pânico na hora da audição para integrar a grande orquestra da Osesp, sonho de qualquer músico clássico. Sem dinheiro e sem trabalho, após se desentender com o quarteto de cordas do qual faz parte, Laerte acaba aceitando, a contragosto, uma vaga como professor de um grupo de escola pública na favela de Heliópolis.

Ali, sem condições mínimas, com alunos desinteressados e seduzidos pela criminalidade que ronda, e inicialmente sem a menor vontade, Laerte acaba se comprometendo com a transformação daqueles jovens, entre os quais um de especial talento, que o faz lembrar da própria história.

Na construção do melodrama, as emoções conduzem a narrativa, mais que qualquer outro elemento. Sabemos que essa história não está sendo contada para levar a um final infeliz, mas que perdas haverá no caminho. O espectador espera o tempo todo que algo dê errado, e muita coisa vai mesmo acabar mal. Mas o fim já sabido é que dali nasceu uma perspectiva transformadora: a criação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis...

Um fio de esperança e a lição de que na arte e na cultura existe um caminho possível contra a barbárie.

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 10, 2015. 0 comentário(s).

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Nas entranhas da imprensa


Quando li o livro "Chatô - O Rei do Brasil", de Fernando Morais, tive a nítida sensação de que estava começando a compreender um pouco mais meu país, minha profissão, a empresa onde eu trabalhava (Diários Associados), o chamado caráter brasileiro. A trajetória pessoal de Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados, que chegou a ser a maior potência de comunicação no Brasil, acompanhava a história do século XX, a formação da moderna política nacional, que passou pelo Estado Novo e pelo curto período democrático e desembocou na ditadura militar.

Revivi essa sensação ao assistir ao filme de mesmo nome, dirigido por Guilherme Fontes e famoso mais pela polêmica de sua produção do que pelo conteúdo, do qual pouco ou nada ouvi falar até agora. Foram pelo menos 16 anos entre as filmagens e o lançamento do filme, acusações contra Fontes, de desvio a malversação de dinheiro público, cobranças de multas, lances rocambolescos como o aluguel de um castelo na França para locações, uso de equipamento de Francis Ford Coppola e cenas de ciúme de algum marido traído, que teriam gerado tanta confusão relacionada ao dinheiro captado, à prestação de contas, às suspeitas todas que rondam a produção.

Mas no que se refere ao filme propriamente dito, vamos ao que interessa: "Chatô - O Rei do Brasil", de fato, mexe sim com toda a mítica figura de seu inspirador, além de outros mitos da história do país, como Getúlio Vargas, principalmente. E o faz sem uma narrativa convencional, cronológica, com interpretações de alto nível de Marco Ricca, Andréa Beltrão (ambos na foto), Paulo Betti, Gabriel Braga Nunes, Letícia Sabatella, Leandra Leal e outros. Mas vai fundo, mesmo, nos métodos e estratagemas usados pela imprensa de seu tempo para achacar, chantagear, difamar, formar opinião, elevar amigos ou derrubar inimigos. Alguma semelhança com situação do presente? Um Bis branco pra quem disser que sim.

Na verdade, com raras e honrosas exceções, a história de Chateaubriand exacerba características de um meio, a imprensa, que na maior parte de sua existência serve a interesses de classes. Serve aos poderosos, a empresas e governos identificados com as elites, às vezes até por questões pessoais (genial a tirada de Chatô: "se está comendo minha mulher, é corrupto").

Em poucos intervalos da história os meios de comunicação se interessaram por questões éticas, humanitárias ou democráticas. A cada vez que se sentem ameaçados, então, perdem totalmente os escrúpulos e abandonam qualquer compromisso com o jornalismo, com a verdade. Tem sido assim desde sempre, e o filme de Guilherme Fontes, o inimigo público, fala sobretudo disso. Um bom motivo para o silêncio em torno dele, não?

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 07, 2015. 0 comentário(s).

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Um? Não. O artista brasileiro


É assim que vejo Chico Buarque: o maior. Desculpem-me todos os outros grandes - e são muitos - da MPB, mas a maestria de Chico, pra mim, é insuperável. O documentário "Chico - Artista Brasileiro", de Miguel Faria Jr., só comprova isso. Mesmo não conseguindo mostrar um décimo do que tem sido a obra dele.

O documentário conta um pouco da vida de Chico, sua obra musical desde os tempos dos festivais, o exílio na Itália, a peleja contra a censura, a volta, a consolidação como o nome definitivo, as relações com outros músicos e artistas, a migração para a literatura, o sucesso em qualquer campo em que atue.

Curioso ver Tom Jobim, o maestro soberano, enumerar as áreas que Chico domina: a melodia, a letra, a harmonia, o ritmo, os arranjos, tudo ele sabe, conhece, faz bem.

A par disso, a conversa de Chico é inteligente, engraçada, política sem dogmatismo, esclarecedora, iluminadora. Tenho a suprema pretensão de me identificar com ele quando ele explica a matéria de sua literatura (memórias reais, memórias inventadas, mistureba de realidade e ficção...) e quando fala do ofício solitário do escritor.

A identidade maior de Chico, porém, é com o Brasil, com a geração que lutou tanto pela democracia e que tem nele uma inspiração. Artista e cidadão coerente, firme, íntegro. O artista brasileiro.

Beijocas!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 03, 2015. 0 comentário(s).

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Uma linda poeta de 14 anos

Uma linda menina de 15 anos, Luiza Midlej, lançou aos 14 o livro de poesia "Circuncisfláutica", em edição própria e em parceria com o Clube de Autores e FSC. Que grata surpresa!

Conheço muita gente que escreve poesia aos 14 anos (eu mesma fui uma), mas poucas com a consistência da Luiza. Não apenas conteúdo, sentido poético, como domínio da técnica. Luiza é poeta de verdade. Já.

Seu tema pode ser o amor, o tempo ou a existência. Seus versos são curtos, mas certeiros. Olhem só:

Halls

e quando a dor apertava
ela chupava um halls preto
pra ver se ardia na boca
ao invés de arder no peito

E este:

Volta

volta, amor
vem bater na minha porta
que eu já cansei de apanhar da solidão

Curtam a Luiza Midlej. Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 03, 2015. 0 comentário(s).

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