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Oscar atrasado


A chuvona de ontem me tirou de casa e do online por mais tempo do que eu calculava, então fiquei devendo comentários sobre o Oscar. Na verdade, faltaram meus comentários justamente sobre "Argo", que acabou vencendo o grande prêmio, e "A hora mais escura".

Não por coincidência, os dois muito elogiados, mas, para mim, padecendo do mesmo problema político. Como aceitar - sem criticar - filmes que têm como protagonistas agentes da CIA, e o pior, como heróis. É muito.

Sim, "Argo" é um bom filme, e Ben Affleck (foto) tem noção e não é bobo de esconder que o problema de tirar do Irã os americanos é agravado pelo fato de os EUA terem apoiado, com toda cumplicidade, o regime violento do xá. E pelo fato de boa parte das atividades naquela embaixada ser de fato espionagem.

Mas nos dois casos dos dois filmes (Irã e Bin Laden), trata-se inegavelmente da troca de inimigos pós-Guerra Fria - dos comunistas para os "terroristas islâmicos", tenha isso ou não contexto histórico. A economia do poderoso império precisa de guerra para sobreviver.

Mesmo sem defender a Al-Qaeda ou o Talibã, não dá também para vitimizar os norte-americanos diante de seus novos inimigos. E os filmes fazem isso. Mesmo um filme interessante como "Argo", com tensão dramática e bons personagens. "A hora mais escura" também tem suas tensões bem construídas, mas notemos como eles lamentam o fim da tortura após a eleição de Obama.

Eu preferi torcer para "A vida de Pi", de Ang Lee. Lindíssimo filme. Perdeu.

Beijões!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 26, 2013. 1 comentário(s).

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Mais um do Oscar



"O lado bom da vida", de David O. Russell, parece uma comédia romântica, mas é um drama sobre um portador de sofrimento mental, hoje em dia tudo banalizado como transtorno bipolar. Interessante que o cinema norte-americano dedique pouco espaço a questões de saúde mental, então é bom tratar do tema, para variar.

Como dissemos, o problema decorre da banalização das questões. Um cara sai de uma instituição psiquiátrica após meses de internação por ter atacado violentamente o amante da mulher - ele os pegou em flagrante de traição.

Com a ajuda dos pais, tenta se recompor socialmente, mas resiste aos remédios e ao tratamento. Com razão, porque a abordagem é sempre reducionista e resta pouco ao cara senão procurar por conta própria uma forma de sair do círculo vicioso de suas obsessões. Nessa procura, encontra uma amiga com quem compartilha desajustes.

É tudo superficial e anedótico, a doença do cara, o desajuste da moça, as neuras familiares, o psiquiatra indiano, o entorno. Mas dá pra pensar e rir, principalmente por causa do trabalho dos atores, que concorrem, os quatro, aos principais Oscars da categoria: Bradley Cooper (ator), Jennifer Lawrence (atriz), Robert De Niro (ator coadjuvante) e Jackie Weaver (atriz coadjuvante).

Não espere, no entanto, um final que fuja ao chavão. Chavão de ouro, como pede o romantismo do personagem principal.

Beijão!

Clara Arreguy, quarta-feira, fevereiro 20, 2013. 1 comentário(s).

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Policial brasileiro no intervalo

No intervalo entre o primeiro e o segundo livro da trilogia Millenium, de Stieg Larsson, li o policial "Fantasma", do brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza, mais uma ótima aventura do delegado Espinosa, lotado em Copacabana e morador no bairro Peixoto.

Desta vez, as personagens principais são uma moradora de rua, Princesa, e seu amigo vigia de obra, Isaías.

Após o assassinato de um suposto estrangeiro numa calçada próxima à delegacia de Espinosa, ele passa a travar conversas meio absurdas com a moradora de rua, obesa, meio delirante, que testemunhou o crime mas não sabe dizer ao certo o que houve.

Com uma investigação calcada mais no feeling do delegado do que em fatos e dados concretos, a polícia leva meses até deslindar o papel de cada um na trama, inclusive o de uma linda mulher misteriosa que aparece do nada para resgatar o defunto e passar a perna no delegado.

Curto, rápido, curioso, o livro consome poucas horas de leitura, distrai e descansa. Como todo bom policial de Garcia-Roza.

Beijings!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 19, 2013. 0 comentário(s).

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Fazer política, sempre



O filme "Lincoln", de Steven Spielberg, candidato a uma porção de Oscars, é não apenas bom como importante.

Bom porque feito por um dos mais talentosos realizadores do cinema das últimas décadas, com um enredo histórico e que diz respeito a muita gente, elenco fortíssimo e produção de primeira. Não é à toa que Daniel Day Lewis compete como melhor ator, Tommy Lee Jones (maravilhoso) como coadjuvante e Sally Fields como melhor atriz (apesar de tão mais velha que o "marido"). Não é à toa que o filme está entre os fortes candidatos aos prêmios do ano.

Importante por tratar da questão da escravidão sob ângulo bem diverso de "Django Livre", de Tarantino, mas num interessante contraponto àquele filme, que aborda o ponto de vista do negro, seja escravo, seja o anjo vingador.

No filme de Spielberg, a elite branca discute o que fazer diante da escravidão, incômoda a alguns por motivos políticos, a outros por motivos humanitários, mas para muitos "apenas" um "problema" econômico conjuntural.

A trama acompanha os momentos finais da Guerra de Secessão nos EUA, quando a discussão da abolição da escravatura pelo Congresso pode complicar ou facilitar o fim do conflito. Lincoln, o presidente honesto e heroico, quer a todo custo a aprovação, e a todo custo significa desnudar os métodos de convencimento, chantagem ou compra de votos, mais velhos do que andar pra frente.

Todo mundo discute no Brasil de hoje a questão da corrupção, da moralização da política, mas poucos têm o desprendimento de defender a política como o espaço legítimo do entendimento e da construção da sociedade mais justa e democrática que quer a maioria (não todos. Tem gente que não quer.).

No filme, o bem é aprovar a nova lei, para isso vale comprar voto, pressionar inimigo, cooptar adversário, mentir sobre princípios. Os fins vão justificar os meios. Vão? Acho que vão. Muito embora alguns sinhozinhos da época já se preocupassem: "mas se libertarmos os negros, daqui a pouco vão querer votar, vão querer ocupar um lugar aqui, ao nosso lado...". É isso mesmo. Vão até ser presidentes!

O filme é um pouco lento e escuro em algumas passagens, incomodando os viciados em ação. Mas faz pensar. Coisa rara, galera, mas fundamental.

Beijus!

Clara Arreguy, segunda-feira, fevereiro 18, 2013. 0 comentário(s).

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Segundo sueco

Todo mundo leu, menos eu. Todo mundo viu no cinema, ou no filme sueco (eu) ou no norte-americano, com o 007 fazendo papel de Mikael Blomkvist (menos eu).

Pra encurtar a história, finalmente abracei "Os homens que não amavam as mulheres", do sueco Stieg Larsson, que morreu logo ao entregar a trilogia aos seus editores. Tinha só 50 anos e agora sua biografia é que faz sucesso nas livrarias. Ainda chego lá (na biografia dele, gente, não no sucesso nas livrarias...).

Claro que o livro é ótimo, um thriller de mais de 500 páginas no qual não se recupera o fôlego com facilidade, porque ele não te deixa parar de ler.

Os dois protagonistas são apaixonantes, tanto Mikael, o jornalista econômico idealista, que tem entre suas preocupações o humanitarismo e a ética, coisa rara por estas épocas, quanto Lisbeth Salander, a hacker raquítica que o ajuda nas investigações e com quem ele se envolve.

Entre denúncias contra grandes grupos de especuladores, mafiosos, sádicos e serial killers, histórias do passado nazista e de um presente sombrio, Stieg Larsson abre ao leitor um mundo de paixões e eu, tardiamente, sou a apaixonada da vez.

Logo logo leio os outros dois e dou notícias.

Beijocas!

Clara Arreguy, sexta-feira, fevereiro 15, 2013. 0 comentário(s).

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Primeiro sueco

Acabo de ler o romance policial "A quinta mulher" (Companhia das Letras, 540 páginas), do sueco Henning Mankell, e nunca me canso das qualidades desse autor. É o mais recente dele a ser lançado no Brasil (2012).

Assim como outras feras do gênero, como o italiano Andrea Camilleri, Mankell construiu um universo de personagens tão envolvente que a gente se sente dentro da trama, dentro do Departamento de Polícia de Ystad, próximo e íntimo de seus colegas, chefes etc.

Por isso, compartilhamos as angústias e dúvidas do inspetor Kurt Wallander. Fatos de sua vida pessoal, a relação com o pai ou com a filha, a namorada e as amizades, tocam o leitor como se se tratasse de alguém de nossas relações.

"A quinta mulher" acentua as condições que levam Wallander a analisar como a violência em seu país - e no mundo todo, claro - entra em novo patamar. O que era aparência de evolução numa Suécia social-democrata esconde arraigados sentimentos de intolerância, com racismo e nazismo permeando tudo.

A escrita de Mankell é apaixonante, como seus personagens. Não dá pra perder nenhum.

Bom resto de carnaval!

Clara Arreguy, segunda-feira, fevereiro 11, 2013. 0 comentário(s).

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Desenho interessante


Continuando a conferir os candidatos ao Oscar, assisti com meu sobrinho Hugo ao desenho "Detona Ralph". Eu e o Hugo temos o costume de ver juntos alguns tipos de filme, principalmente aqueles em que precisamos um do outro. É o caso deste desenho.

A trama coloca um vilão de game a procurar nova identidade, em busca de ser mais aceito e de sair do lixão onde mora. O interessante é que o enredo mistura linguagens de games, coisas das quais nada sei, mas que o Hugo, da geração viciada em joguinhos, domina.

Ralph é o vilão de um jogo em que usa seus 3 metros de pura força para detonar um prédio. Seu oponente é Felix, que possui poderes para restaurar o que Ralph destrói. Ao longo do filme, Ralph foge e invade outro jogo, no qual suas habilidades poderão lhe conferir uma medalha e fazer dele um herói. Mas muitas trapalhadas vão ocorrer nesse ínterim e ele acaba caindo num outro lugar e se aliando a uma menina que seria apenas um "bug" do jogo, mas que luta para provar que é mais que isso.

Ao longo do filme, jogos de primeira geração, de pouca elaboração técnica e desenhos toscos, se confrontam com outros, mais sofisticados, tridimensionais, marcados pela velocidade e por outras características que acentuam as dificuldades para o jogador. A ambientação num fliperama permite todo esse cruzamento entre personagens e linguagens.

Inteligente, ágil e bem-humorado, "Detona Ralph" diverte e agrada mesmo a quem não entende nada do assunto. O roteiro e o acabamento resolvem tudo. Na versão dublada, o ator e cantor Tiago Abravanel faz bem a voz de Ralph.




Por fim, mas não menos importante, não deixe de ver o desenho em curta-metragem que passa na sessão antes do filme principal. Como o longa, trata-se também de uma produção Disney, "O avião de papel", que também concorre ao Oscar e conta uma história de amor. Lindo, vale a sessão!

Beijus!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 05, 2013. 0 comentário(s).

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