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O horror contra as mulheres

Foto: Divulgação

Depois da tristeza que foi a morte do Saramago, em plena Copa do Mundo, fiquei meio sem palavras neste blog. Ainda mais que no fim de semana vi só um filme, o sueco Os homens que não amavam as mulheres, e ele me deixou ainda mais sem palavras. Estou pra ver um filme tão pesado como aquele. Sim, homens que não amavam as mulheres e que, contra elas, fizeram as piores coisas.

Instigante, intrigante, a ação se passa na Suécia contemporânea. Uma trama cheia de horror, criada por um campeão de vendas, o escritor Stieg Larsson, morto em 2004: um jornalista de boa índole e bom repórter investigativo é condenado pela Justiça por ter acusado um empresário com falsas provas. Antes de cumprir pena, porém, é contratado por outro poderoso industrial para investigar o desaparecimento de sua sobrinha 40 anos antes. Em seu trabalho, numa ilha distante e gelada, o jornalista vai contar com a ajuda improvável de uma jovem que o conhecera ao investigá-lo para o mesmo empresário que o contratou. Confuso? Piora.

À procura de pistas sobre a moça desaparecida nos anos 1960, o jornalista esbarra em nazistas, sádicos, estupradores, assassinos, num carrossel não muito distante da vida real da jovem que o ajuda, uma punkzinha cercada de violência no passado e no presente. O envolvimento entre os dois, também improvável, tempera a trama com a possibilidade de afeto até então inexistente.

Mistério, suspense, horror, tensão: tem de tudo na fita, que não poupa imagens para mostrar o que há de pior no humano. A mulher, sempre, sendo o alvo principal de toda a brutalidade.


Beijocas!

Clara Arreguy, sábado, junho 26, 2010. 2 comentário(s).

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José Saramago



Falar em luto por Saramago é pouco. A partida dele, apesar da doença e da idade, entristece profundamente quem o amava pela literatura ou pela pessoa dele. Homem de letras, homem de luta. Coerente. Honesto. Amoroso. Não vou aqui fazer a retrospectiva de sua obra magnífica.

Lembro que o entrevistei duas vezes, por telefone, uma quando eu ainda estava no Estado de Minas, a outra pelo Correio Braziliense, e ele foi franco, polido, generoso. Um presente para uma repórter de Cultura apaixonada pela sua escrita, pela forma como dizia e pelo que dizia.

Tudo que se disser sobre Saramago será pouco. Cada livro dele, cada movimento em defesa dos pobres do mundo, cada estocada no reacionarismo de todos os lados. Aqui no meu blog ele foi a presença mais constante, pela profícua produção, principalmente nesses últimos anos. Eu lia tudo, ou melhor, leio ainda. Felizmente tenho muitos dos livros dele e alguns, dos mais antigos, ainda não li. Felizmente porque, como dizia meu pai, ainda posso ter o prazer de lê-los.
Ontem à noite Saramago postou uma nota nova em seu blog e pôs a data de hoje. Uma frase que reproduzo aqui e ficará como a última lição apenas pelo simbólico da data. Suas palavras já são eternas.

"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."

José Saramago, em entrevista de 11/10/08 à revista do Expresso (Portugal)

Clara Arreguy, sexta-feira, junho 18, 2010. 1 comentário(s).

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Romance não tem idade

Foto: Divulgação

É romântico, mas legal o filme Cartas para Julieta. O argumento é interessante: na "casa de Julieta", em Verona, mulheres de todo o mundo deixam bilhetes e pedem conselhos à personagem shakespeareana. Um grupo de senhoras da cidade se incumbe de respondê-los. Uma jovem candidata a jornalista descobre ali uma cartinha deixada 50 anos antes, na qual se revela um desencontro amoroso. Ela então vai ajudar uma old lady inglesa a reencontrar o amado italiano.

Com lindas imagens da Toscana (as da novela das nove da Globo são mais belas, achei), a maravilhosa Vanessa Redgrave leva o casal formado por Amanda Seyfried (com Vanessa na foto) e Chris Egan para rodar pela Itália e descobrir, os dois jovens também, o amor verdadeiro. Tudo isso se a moça se desvencilhar do noivo, Gael Garcia Bernal num incomum papel cômico (com o charme de sempre).

Tem ainda Franco Nero, o coroa bonitão, e situações que não chegam a ser hilárias, mas que divertem no tom do romantismo.

Beijocos!

Clara Arreguy, quinta-feira, junho 17, 2010. 0 comentário(s).

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Roth, Auster, Barros

Aí a pessoa em contenção de despesas fica sabendo que seu autor predileto, Philip Roth, acaba de ter novo romance lançado no Brasil. Aí a pessoa se diz: bom, um livro de vez em quando a gente tem que comprar. Aí a pessoa vai à livraria com a firme intenção de sair de lá com um livro. Um único. E sai com três.
Claro, A humilhação, de Philip Roth. Mais Invisível, de Paul Auster. E Menino do mato, de Manoel de Barros. Não pude evitar. São três do primeiro time, do meu primeiro time do coração.
O novo volume do poeta pantaneiro volta aos mesmos temas caros a ele e a seus deleitados leitores: a natureza, a palavra, a transformação que uma e outra fazem sobre a alma do homem feito menino, desde que menino era e até tornar-se o menino que será pra sempre. Formiga. Preciso dar um livro de Manoel de Barros para um amigo que faz tanto parte da terra quanto o poeta formiga.
E Roth, sempre Roth. A veia afiada para contar uma história como ninguém. Para mergulhar na alma de personagens como o ator de um dia para o outro despido da capacidade de atuar. E às voltas com a possibilidade de novamente amar. E novamente despido de qualquer possibilidade. Como escreve bem o Philip Roth! Como sua literatura desvenda fracassos, desastres, o que há de pior (e melhor) na alma dos seres confrontados com o tempo, com seu tempo e a inexorabilidade do fim do tempo!
Depois de Philip Roth, só mesmo Paul Auster. Mas este novo ainda não li. Depois eu conto.

Beijos mil!

Clara Arreguy, sexta-feira, junho 11, 2010. 0 comentário(s).

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Carrie careta e Sam tudo a ver

Foto: Divulgação

Assim me senti vendo Sex and the city 2: como a Carrie ficou careta e como Samantha parece mais interessante. Claro, tudo a ver com o fato de eu também estar em menopausa, andando atrás de inhame igual à personagem de Kim Cattrall. Mas que Carrie (Sarah Jessica Parker) perdeu o rumo, perdeu.

Senão vejamos: ela conseguiu o queria (casar com Mr. Big) e agora passa os dias a pentelhar a vida do cara, querendo badalar toda noite, enchendo o saco dele por causa de televisão, sofá etc. E ainda tem a cachimônia de pedir joia de presente! Só pensa em joia, grife, sapato. O tempo a que cada um tem direito para respirar e ser ele próprio, para ela, é o fim do mundo. Ah, me ajuda aí, Carrie!

Já Samantha, não. O mundo está desabando sobre a cabeça das cinquentonas, mas ela não perde a linha. Mesmo quando seus hormônios são confiscados na alfândega de Abu Dhabi, ela sofre, grita, se descontrola (como todas nós), mas não desce do salto. O desejo é mais forte que as circunstâncias, e ela sabe o que quer.

Gostei do filme porque gosto da série e das meninas. Miranda não aparece tão chata e Charlotte dá show. Mas que a Carrie cansou minha beleza, ah, cansou.


Beijocos!

Clara Arreguy, terça-feira, junho 08, 2010. 0 comentário(s).

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Um brasileiro em São Petersburgo

Foto: Divulgação

O escritor Bernardo Carvalho é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura com o romance O filho da mãe (Companhia das Letras), que faz parte da coleção Amores Expressos, um investimento editorial alto, que enviou autores brasileiros a diversas cidades do mundo para compor obras inéditas. A de Bernardo Carvalho se ambienta em São Petersburgo, na Rússia, no início da década atual, durante a segunda guerra da Tchechênia, em envolve filhos e mães ligados de alguma maneira à guerra.

Um tchecheno é salvo pela avó e enviado à cidade que está prestes a comemorar seus 300 anos. Ali ele se envolverá com um soldado que desertou meio sem querer. Ambos têm no passado relações homossexuais e, por essas e outras, acabam na marginalidade. Mas quem conduz toda a narrativa são mulheres: ligadas ao Comitê das Mães de Soldados, elas proverão o céu e o inferno na vida desses homens. A mãe do tchetcheno renunciou ao filho, enquanto a do soldadinho consegue até ajuda do pai brasileiro para tentar livrar o filho do calvário.

Inútil. Numa guerra maior ainda que a travada nos frontes oficiais, o destino dos jovens russos neste início de século XXI não é dos mais iluminados. Já o romance de Bernardo Carvalho sim. Vigoroso, ágil, de ações tramadas com habilidade romanesca ímpar, O filho da mãe é daquele tipo de livro que passa rapidinho para quem gosta de ler e devorar boas histórias. Fluência prazerosa, apesar de lidar com tantas dores.


Beijins!

Clara Arreguy, segunda-feira, junho 07, 2010. 0 comentário(s).

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Filmaço de Polanski

Foto: Divulgação

Que filmaço o novo do Polanski, The ghost writer, que chegou como O escritor fantasma no título brasileiro - taí um título que não precisava ser traduzido. Com uma trama sensacional, o filme é de tirar o fôlego.

Um escritor acostumado a atuar como ghost writer em biografias alheias (Ewan McGregor) é convidado a substituir o cara que estava escrevendo a biografia do ex-primeiro-ministro inglês (Pierce Brosnan). O antecessor morreu de forma suspeita, a ação se passa numa ilha mais ou menos perto de Nova York, e o clima de suspense cresce a cada passo que dá o protagonista.

Tem a mulher do biografado, uma influente "ex-primeira-dama" (Olivia Williams), tem a assistente do político (Kim Cattrall, a deliciosa Samantha de Sex and the city, com Ewan na foto), tem ligações perigosas com a CIA, com o governo britânico, tem uma aparição relâmpago do veterano Eli Wallach, tem pano pra manga.

O thriller político oferece ainda curiosidades extras: por causa do processo por estupro a que responde desde 1973, Polanski não pode entrar nos Estados Unidos. Então, a parte da ação que se passa naquele país foi filmada na Alemanha, numa reconstituição no mínimo ousada. E outro detalhe: por estar em prisão domiciliar na Suíça, o cineasta não pôde ir a Berlim receber o Urso de Prata de melhor diretor por este filme.

Inteligente, com um ritmo e uma tensão impressionantes, The ghost writer é uma obra rara em meio à avalanche de diversões ligeiras que tomam os cinemas.


Beijocas!

Clara Arreguy, terça-feira, junho 01, 2010. 0 comentário(s).

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