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Rir é o melhor remédio

Com esse pensamento, fui ver a seqüência Se eu fosse você 2. E não é que dá mesmo pra rir? Tony Ramos e Glória Pires tornam a dar aquele show de interpretação ao viverem com o corpo trocado (entre si). Ele, se fazendo de mulher, tentando não ser gay (mal conseguindo), e ela dando uma de machão machista. Cola. Com a experiência de décadas como diretor de atores, Daniel Filho proporciona boas seqüências de uma piada já vista mas, nem por isso, menos engraçada. Desta vez, entre os coadjuvantes de luxo, comparecem bem Chico Anysio, Cássio Gabus Mendes e Maria Luísa Mendonça em divertidos desempenhos. Nada de "outstanding", como diria o Marcello Castilho, mas diversão garantida numa sessão da tarde despretensiosa. Melhor que muita comedinha americana que a gente engole por falta de opção.

Beijocas!

Clara Arreguy, sexta-feira, dezembro 26, 2008. 0 comentário(s).

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Alienação e responsabilidade

O filme Um homem bom, co-produção inglesa e alemã dirigida pelo brasileiro Vicente Amorim (O caminho das nuvens), fala de aspectos pouco explorados nas histórias relacionadas com o período nazista: a forma como homens de bem, inicialmente em nada vinculados à ideologia hitlerista, contribuíram para as barbaridades cometidas pelo governo alemão naquele momento histórico. Baseado na peça de C.P. Taylor, narra a trajetória do professor John Halder (Viggo Mortensen, em excelente trabalho) que, da carreira acadêmica modesta, passa a um cargo de expressão nas SS ao atuar como ideólogo de posições como a eutanásia. Ex-combatente da Primeira Guerra, amigo de um judeu que como ele esteve no front, o professor se divide entre a lealdade a Maurice Gluckstein (Jason Isaacs, outro ótimo desempenho) e a seu empregador, o Führer. A sedução da jovem mulher ajuda-o a se enredar na ciranda de poder e status, mas um delírio sonoro e musical o chama de volta à consciência adormecida. Num filme sombrio, rodado na Hungria com elenco todo estrangeiro, Vicente Amorim faz com méritos sua estréia no mercado internacional.

Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 25, 2008. 0 comentário(s).

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Delicadeza comunista

O livro Memórias de um intelectual comunista, escrito por Leandro Konder, traz uma vida rica em fatos e personagens políticos marcantes na história do país. O mais cativante no livro é a delicadeza de Konder ao falar de si, da família, da própria trajetória. Modesto sem falsidade, não precisa se gabar de tudo que fez numa carreira marcada por importantes reflexões filosóficas sobre o marxismo e outras correntes, sobre temas os mais profundos e, às vezes, também prosaicos. Em textos curtos e de poucas adjetivações, acompanhamos o menino filho de comunista criado num Rio de Janeiro de outros tempos. Nascido em 1936 (ou 1935, se a avó o registrou com data errada de nascimento), Konder viu o pai ser preso e perseguido por ser comunista. Foi, ele próprio, preso e torturado. Militante do PCB, o Partidão, acabou filiando-se ao PT após o fim da ditadura. Viveu o exílio, produziu como acadêmico e como jornalista, escreveu muitos livros, influenciou gerações e ajudou a construir a nova democracia brasileira, a partir de uma postura plural e da releitura do marxismo em consonância com o que requerem os novos tempos.

Beijos e feliz ano-novo!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 25, 2008. 0 comentário(s).

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Um detetive maluco

Um detetive sentimental é o novo romance policial do autor gaúcho Tabajara Ruas. Protagonizado por seu personagem Cid Espigão, trata-se de uma viagem maluca sem fim. Em quase 450 páginas, Cid Espigão é contratado por um jovem ricaço mexicano após serem os dois seqüestrados e levados para os subterrâneos de Porto Alegre, onde quase são comidos por hordas de ratos, depois jacarés assassinos, depois quase tragados pelos esgotos, depois apedrejados num lixão e vai por aí afora, em seqüências de perder o fôlego. Numa trama que envolve caçadores de nazistas, cientistas loucos, heróis de guerra, uma seita demoníaca, um hippie hipnotizado, um chinês gigante e outras figuras inusitadas, Espigão enfrenta todo tipo de bicho de peçonha, todo tipo de ameaça, deste e do outro mundo, vai ao Pantanal, a Los Angeles, a Acapulco e volta a Porto Alegre. Cineasta que é, Tabajara Ruas explora referências como os filmes noir, com direito a louras gélidas com pistolinhas douradas, bebe em autores como Raymond Chandler e até em Blade runner. Mas o melhor de tudo, nas páginas de aventuras, é o personagem do Tio Chinão, um gaúcho tradicional, típico bagual de fala e comportamento que mais lembram o analista de Bagé. Inteligente, divertido, maluco, envolvente, O detetive sentimental é diversão da primeira à última linha.

Beijos e feliz Natal!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 25, 2008. 0 comentário(s).

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Apenas um casal

Reynaldo Gianecchini e Paola Oliveira estrelam o longa Entre lençóis e exibem beleza, charme e talento de interpretação. Ponto final. O filme de Gustavo Nieto Roa sobre um casal que se conhece numa boate e passa a noite transando num motel é fraco, com texto primário e roteiro coberto de clichês. A trilha sonora composta especialmente para o filme traduz a obviedade: à medida que mudam o caráter das transas entre os dois, troca o gênero da música, que começa com eletrônica, passa por bossa nova e temas grandiloqüentes enquanto eles se amam com furor ou ternura ou travam embates orais. Paola e Giane fazem o que podem e conquistam, cada um, uma estrela. É o que Entre lençóis vale: duas estrelas.

Beijocas!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 08, 2008. 0 comentário(s).

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Geração de luta

Um livro importante que está sendo lançado em Brasília nesses dias é Abaixo a repressão, dos jornalistas Ivanir Bortot e Rafael Guimaraens. Ambos gaúchos, focam a narrativa na história do movimento estudantil principalmente em Porto Alegre, mas não deixam de traçar rico painel sobre a geração que, no final dos anos 1970, retomou o movimento contra a ditadura e que, assim, ajudou a conquistar a anistia e a redemocratização do país. O núcleo principal é o mesmo do meu livro de memórias Fafich, mas o deles é mais informativo e tem uma edição jornalística, que alterna texto de reportagem com quadros, fotos, "retrancas", como se diz no nosso linguajar, para acrescentar dados sobre a cultura da época, músicas, gírias e entrevistas complementares aos capítulos. Há um, inclusive, sobre a tentativa de realização do III ENE em BH, em 77, e outro sobre o congresso de reconstrução da UNE, em 79, que também aparecem no meu livro e são de fato memoráveis. Muito bom e oportuno.

Beijus!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 08, 2008. 0 comentário(s).

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Saga dos Bloch

Foi deliciosa a leitura do livro Os irmãos Karamabloch, de Arnaldo Bloch, sobrinho neto de Adolpho Bloch, o chefão da família que chegou a possuir um grupo com a revista Manchete e a TV Manchete, entre outros sucessos editoriais, mas que faliu em 2000 experimentando assim o auge (no tempo da novela Pantanal) e o ocaso. As histórias de um clã vindo da Rússia comunista para se estabelecer aqui no início dos anos 1920 são contadas com ironia, crítica e autocrítica, às vezes impiedosamente pelo jornalista da quarta geração do patriarca Joseph. Conheci Adolpho Bloch pessoalmente quando cobri o lançamento de Pantanal e me impressionei com os olhos claros descritos no livro como por vezes implacáveis. O livro tem histórias deliciosas, testemunhos colhidos junto a velhas tias, muitas fotos, uma leitura saborosa e informativa. Ótimo presente de amigo oculto.

Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 08, 2008. 0 comentário(s).

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