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Cinebiografia no tom

Foto: Reprodução

A cinebiografia Chico Xavier, de Daniel Filho, consegue manter o tom sóbrio e contar a história do famoso médium mineiro sem fazer apologia do espiritismo e sem detonar religiões ou crenças. É respeitosa com os personagens que aborda, bem amarrada como roteiro e bem interpretada por uma constelação de estrelas. Claro que, à frente delas, brilham os intérpretes do protagonista, Nelson Xavier, Ângelo Antônio e o menino Matheus Costa, sem falar em Tony Ramos, que se destaca em tudo que faz.

Uma cena chama a atenção: quando Chico se tranca no quarto para desembrulhar e vestir, pela primeira vez, a peruca que comprou para disfarçar a calvície. Por mais ridícula que possa parecer a qualquer um (até ao espírito que o guia!), esse lance de vaidade miúda traduz a extrema humanidade do quase mito. Isso e o senso de humor que revela em pequenas ou grandes coisas, como no momento em que receia que o avião caia, são provas de que, santo ou ícone, Chico Xavier foi um personagem rico e bom, que mudou a vida de quem teve contato com ele.


Beijocas!

Clara Arreguy, terça-feira, abril 27, 2010. 1 comentário(s).

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Adolescentes, mas pobres

Foto: Divulgação

Interessante a coincidência entre o post anterior, sobre o filme As melhores coisas do mundo, de Laís Bodanzky, e este, sobre o Sonhos roubados, de outra diretora brasileira, Sandra Werneck (Cazuza - O tempo não para). Ambas cineastas mulheres e brasileiras, ambas tratam em seus novos trabalhos do universo do adolescente. Só que, enquanto Laís fica num colégio particular de classe média, num ambiente de bairro tipicamente classe média, com questões bem classe média, Sandra volta suas lentes para a favela. São moças pobres as jovens que ela acompanha, com igual carinho. E as questões diferem fundamentalmente.

No filme de Sandra Werneck, três meninas enfrentam gravidez precoce, abuso sexual dentro de casa, prostituição, escola constantemente sem aula, falta de dinheiro e de soluções para o básico. Não que não haja soluções - elas as fazem a seu modo, submetendo o próprio corpo e os próprios desejos em troca da subsistência física e psíquica.

Nanda Costa (que faz a Soraia na novela Viver a vida) encabeça o elenco com uma garra impressionante. Ao lado dela, jovens atrizes contracenam com Marieta Severo, Daniel Dantas e Nelson Xavier, entre outros atores tarimbados. MV Bill (na foto com Nanda) estreia como ator e não desaponta. O filme joga luz sobre os sonhos de uma geração em que são poucos os motivos para ter esperança. Mesmo assim as meninas perseveram. Aos trancos e barrancos, mas seguem em frente.


Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, abril 26, 2010. 0 comentário(s).

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Com carinho e respeito

Foto: Divulgação

Assim trata os adolescentes a diretora Laís Bodanzky, de As melhores coisas do mundo, seu novo filme. Todo focado no universo dos jovens de classe média num colégio atual, ela consegue trazer a linguagem contemporânea desse segmento, em que celular, internet, blog e câmeras digitais são o dia a dia, ao lado de preconceitos, zoações e azarações.

Mano (Francisco Miguez) está no centro do enredo. Aos 15 anos, preocupa-se com a timidez que o impede de chegar numa menina, arrumar uma namorada ou perder a virgindade. Ele e seu irmão Pedro veem o casamento dos pais ruir e, para seu choque, o pai assumir a homossexualidade. Na escola, que não perdoa "sapatas" e meninas "fáceis", o blog da fofoqueira está de olho em quem será a próxima vítima.

Até que Mano processe o que se passa em sua vida afetiva, Pedro (Fiuk, o lindo filho de Fábio Jr.) também desmorona.

Como em todas as suas produções anteriores (Bicho de sete cabeças e Chega de saudade), Laís Bodanzky trabalha com elenco competentíssimo e bem dirigido, caso de Denise Fraga, Zécarlos Machado, Caio Blat e da rapaziada. O filme é sério e criterioso para entrar no mundo juvenil, mas não é direcionado especialmente para jovens ou adultos. Todos que o virem terão o que refletir.


Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, abril 22, 2010. 0 comentário(s).

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A arte da estatística

Levei um tempo maior que o usual para lera Uma senhora toma chá... - Como a estatística revolucionou a ciência no século XX, de David Salsburg (Zahar) por dois motivos: um, porque eu comecei e parei a leitura algumas vezes, tendo que passar na frente outras prioridades. Outro, porque é difícil, mesmo. Embora o autor, cientista e historiador da ciência, procure ao máximo facilitar a compreensão do não cientista sobre os fatos e conceitos da matemática estatística, eles são de natureza abstrata e complexa.
O livro é muito interessante. Nele, Salsburg prefere apresentar conceitos a partir da história dos homens (e das bravas mulheres) que os desenvolveram. Daí que muitas vezes, ao longo da leitura, fica mais fácil acompanhar a trajetória de gente brilhante e cheia de história do que os métodos e raciocínios. Mas vale. Não é tão difícil que não dê pra seguir até o fim das quase 300 páginas.
Há ali relatos sobre como a estatística atua em questões práticas, como o desenvolvimento de novos tratamentos para o câncer ou a melhor maneira de plantar um grão ou de produzir uma cerveja. Sobre todo tipo de aplicação que se pode dar à matemática na vida real, ou não.

Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, abril 22, 2010. 0 comentário(s).

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Humberto, o baião e o Brasil

Foto: Divulgação

Um documentário totalmente diferente dos convencionais, O homem que engarrafava nuvens, de Lírio Ferreira, conta não só a história de Humberto Teixeira, parceiro de Luiz Gonzaga em clássicos como Asa branca e Assum preto. Também narra a própria história do baião como parte da música popular brasileira e como história do Brasil.

Em viagens a regiões do Nordeste - principalmente o Ceará, onde Humberto Teixeira nasceu - e a localidades tão díspares como Mangaratiba, onde ele morou certa época, o Rio de Janeiro da década de 1950 ou a Nova York dos dias atuais, onde vive sua filha Denise Dummont, o filme mapeia influências, costura casos, mergulha em análises.

Denise Dummont, atriz brasileira hoje radicada nos Estados Unidos, é filha do compositor. Foi criada por ele, mas numa relação tão formal que, como produtora do filme, aproveitou para fazer sua psicanálise e procurar a figura do pai. Assim, num gesto de coragem, disseca com a mãe (a também atriz Margarida Jatobá, que morreu após as filmagens) a história do casal e a dela própria.

O filme já emocionaria por esses aspectos, mas o rol de canções maravilhosas que se ouvem nas vozes de Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Lenine, Chico Buarque, Elba Ramalho, Fagner, Bebel Gilberto e tantos outros também garantiria qualidade sozinha. Ao lado de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira (foto) representou um momento especial de realização da música popular brasileira. O homem que engarrafava nuvens faz justiça a ele e a tudo que ele significa para o Brasil.


Beijocas!

Clara Arreguy, segunda-feira, abril 19, 2010. 1 comentário(s).

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Comédia alemã? Sim, e boa

Foto: Divulgação

Pena que saiu depressa e não teve muito apelo popular a comédia alemã Soul kitchen. Mas é um filme bom, bem amarrado e, melhor, engraçado. A trama: um grego mantém um restaurante meio chinfrim na zona portuária de Hamburgo. Quando sua namorada se manda pra Xangai, ele resolve ir atrás, mas pra isso tem que deixar a casa com alguém. As opções são seu irmão, que acaba de ganhar regime semiaberto no presídio onde cumpre pena; um chef meio cigano, craque na cozinha e aloprado; a garçonete, com pretensões a pintora. Só não vale o amigo que ele reencontra e que quer comprar o lugar, mas para demolir...

Com um baita problema de coluna, Kazantzakis passa por poucas e boas, enfrenta cobradores e fiscais, perde e reconquista a freguesia, perde a namorada e o restaurante, até que a vida lhe ofereça uma chance de recomeçar... tudo com humor, sem moral da história. Muito bons o roteiro, as atuações, a música.


Beijocas!

Clara Arreguy, sexta-feira, abril 16, 2010. 0 comentário(s).

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Um protagonista sui generis

Foto: Divulgação

Na abertura da mostra de cinema sobre os 50 anos de Brasília, no CCBB, Subterrâneos, de José Eduardo Belmonte, foi visto por bom número de pessoas - e seguido de debate. O filme de estreia do premiado diretor brasiliense é irregular, como costumam ser produções de iniciantes, mas já revela o vigor das que viriam. O mais interessante é que o protagonista não é nenhum dos personagens interpretados pelos atores - bem-sucedidos, por sinal (na foto, Cibele Amaral e Murilo Grossi, mas há também Chico Sant'Anna, Nicola Siri e outros bons desempenhos), mas sim o Conic, onde se desenvolve o enredo.

O estigmatizdo prédio do Setor de Diversões Sul, com sua mística e mítica de abrigar dos punks aos crentes, dos sindicalistas às strippers, tem sido alvo de reflexões e movimentos em sua defesa. O melhor deles, pra mim, é o filme de Belmonte, que apaixona pelo olhar ao mesmo tempo de estranhamento e intimidade que gera com o espaço.

No que tem de mais documental, Subterrâneos é sensacional. No que tem de mais ficcional, que são os loucos que frequentam a área ou que enlouquecem em suas entranhas, há verborragia e afetação em demasia. Algumas cenas, no entanto, retratam com primor a ambiência do Conic: a discussão na barbearia, os embates entre personagens interpretados e personagens "reais", num tipo de encenação que parece teatro invisível.
Curiosidade: como a produção é de 2003, já há passado nas imagens, nas quais se destaca a ausência do Museu da República e da Biblioteca Nacional ao fundo.
A mostra prossegue com programação interessante e variada. Confira a agenda completa no http://www.correiobraziliense.com.br/divirtase/.

Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, abril 15, 2010. 1 comentário(s).

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Um Beatle no meu pé

Foto: Divulgação

Acabei de ler a biografia autorizada do Paul McCartney, Many years from now, de Barry Miles, um amigo dele jornalista que acompanhou de perto boa parte dos acontecimentos na época dos Beatles. A leitura de mais este calhamaço (mais de 800 páginas) contribui para a pesquisa que estou fazendo pro meu próximo livro, que tem os Fab Four como tema e está quase pronto.

Foi mais uma viagem de prazer e emoções. Paul tem sido injustiçado por fãs de John (como eu) que, por paixão cega, nem sempre conseguem ver a complexidade das relações que havia entre eles. Mais que talento e afinidade, era amor o que os unia. Tanto que as perdas, ao longo da história, foram tamanhas para ambos, ou melhor, para todos nós.

O livro é ótimo, cheio de lembranças às vezes nítidas, às vezes nebulosas, como sói ser a memória. E tem boas fotos. Amei o Paul. Amo o Paul. E agora ele me manda e-mail toda semana! Hoje mesmo me chamou pra ir ao show dele no México, mas é já na próxima terça, então não vai dar pra eu ir.


Beijus!

Clara Arreguy, sexta-feira, abril 09, 2010. 2 comentário(s).

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Cumplicidade em Sampa

Foto: Paulo de Araújo

Depois de uns dias de descanso em BH junto com a família (e visitando também o Du, que se recupera do enfarte sofrido na semana passada), fui a São Paulo com o Paulo (que não é santo) de Araújo para o lançamento paulista do livro Cumplicidade, aquele em que o Bernardino Furtado homenageia generosamente 20 fotógrafos (nas comemorações de seus 20 anos de jornalismo).

Como em BH, em Sampa também foi aberta exposição de ampliações de várias das fotografias que constam do livro e que ilustraram reportagens de peso feitas pelo Bernardino neste Brasil. São a cara do povo brasileiro.

Para conferir, o blog do projeto é o http://www.cumplicidade.org/ . A exposição está no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista esquina com Rua Augusta (endereço central e que dá samba). Fotógrafos, artistas, jornalistas e amigos prestigiaram o evento na noite chuvosa da terra da garoa.


Beijocas!

Clara Arreguy, terça-feira, abril 06, 2010. 0 comentário(s).

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