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Faltou falar sobre Judas

No post anterior, sobre Judas, o Obscuro, esqueci de dizer uma coisa importante: a edição que li, velhinha e depois escangalhada pela chuva, era de 1969, da Itatiaia, de Belo Horizonte. E o melhor: tinha (tem ainda) orelha assinada por meu tio, João Etienne Filho.

Nela, ele aponta o romance como um dos dez maiores de todos os tempos, comenta as qualidades do autor, Thomas Hardy, e do tradutor, Octávio de Faria, cujo estilo, semelhante ao do escritor inglês, possibilitou que ele fizesse verdadeira recriação do texto.

Era isso. Beijos!

Clara Arreguy, quinta-feira, dezembro 29, 2011. 0 comentário(s).

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Judas, um clássico despencado

Meu pai e minha mãe sempre olharam para aquele volume de Judas, o obscuro na sua estante dizendo ser um dos romances prediletos deles, um clássico, uma beleza. Eu não sabia do que se tratava, pensava que fosse algo bíblico e, com preguiça de suas 500 páginas, adiava um encontro. Até que resolvi encarar a obra-prima de Thomas Hardy, britânico do século XIX, e passei algumas semanas com ele.

Muitas coisas aconteceram então. O livro é realmente um primor da literatura clássica da época, com um herói e uma heroína trágicos, condenados ao fracasso e às desventuras por um destino implacável e por uma moral cruel. Judas Fawley e Sue Bridehead são os primos que vão e vêm em seu amor ora platônico, ora realizado, mas nunca plenamente. Um homem de ambições intelectuais rejeitado pela sociedade culta por sua pobreza, uma mulher de ideias avançadas e depois marcada pela culpa diante de fatos trágicos, uma sociedade hipócrita, quantos elementos traz o romance!

Pesquisando sobre Hardy, de quem nada sabia, descobri que foi tão criticado quando do lançamento do livro que desistiu de escrever e capitulou diante da incompreensão. Descobri também que este é o romance da vida de muita gente - além de meu pai e minha mãe. Descobri que há uma reedição mais recente, da Geração.


E olhem o que aconteceu com o meu livro (meu não, o que surrupiei da estante da minha mãe): era tão velho que, nas minhas andanças e leituras em ônibus, tomou um pouco de chuva, despencou todo, perdeu uma página, e agora aguarda, num envelope, que eu consiga restaurá-lo. Soube de alguém que poderá fazer isso por mim - por ele, pela literatura universal - em BH. Em breve, Judas, o obscuro deixará a obscuridade do envelope onde repousa, para voltar a ser lido. Sem a página que falta.

Beijos!

Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 27, 2011. 0 comentário(s).

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Policial islandês


Quero compartilhar com vocês um livro diferente que acabo de ler, um romance islandês. Sim, na Islândia tem literatura policial, e de qualidade. Também nunca tinha ouvido falar de nada daquele país que fica no meio do Atlântico, lá no norte – a não ser do vulcão de nome impronunciável que bagunçou o tráfego aéreo na Europa alguns meses atrás.

O livro se chama “O silêncio do túmulo” (Companhia das Letras, 320 páginas, R$ 36) e seu autor, Arnaldur Indridason, tem 50 anos. A narrativa policial alterna dois tempos: no presente, durante obras de expansão urbana próximo à capital do país, Reykjavik, um corpo é encontrado enterrado num local outrora distante. Pelos cálculos iniciais dos investigadores, provavelmente estava ali desde a Segunda Guerra Mundial.

O segundo tempo narrativo é justamente os anos 1940, quando uma família vive um drama: a mulher apanha sistematicamente do marido, um homem tão violento que não lhe escapam nem a filhinha dela de uma relação anterior, deficiente física (que ele tortura psicologicamente), nem os filhos dele, dois meninos que crescem apavorados com o pai.

Enquanto a mulher tenta se livrar do algoz, acompanhamos em paralelo as investigações da polícia e dos arqueólogos chamados a escavar o local em busca de pistas que não destruam o principal: o corpo enterrado, que a princípio não se sabe se de homem ou mulher. Pelas descrições do autor, o leitor toma contato com a face da violência contra a mulher, a gratuidade e o desrespeito, e se indigna com a situação.

Com o desvendar dos fatos, percebe-se que Indridason filia-se à escola nórdica de romances policiais, principalmente dos autores suecos com os quais o leitor brasileiro está mais habituado, como Henning Mankell, de quem já falei neste espaço. Como o sueco, o islandês traça um pano de fundo da política contemporânea de seu país e vai fundo na psicologia de seus heróis e anti-heróis, sejam os protagonistas dos dramas e tragédias investigados, sejam os condutores da investigação em si. O caso mais exemplar é o do agente Erlendur, às voltas, ainda por cima, com a filha em estado de coma, mais uma vítima do abuso de drogas, verdadeira epidemia a dizimar jovens.

Publicado na coluna que mantenho na intranet do MDS, onde trabalho

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 26, 2011. 0 comentário(s).

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Balanço e retorno

Quem me lê já sabe como é: passa um tempo sem que eu atualize este espaço, depois volto, arrependida... A morte do Marcello Castilho me abalou, o excesso de trabalho me tirou o tempo. Nesses meses (novembro e dezembro) de ausência, escrevi, editei e publiquei novo livro, De todo coração, com a história de Anna Maria Costa de Araújo, mãe do meu companheiro Paulo. Modéstia às favas, ficou um belo trabalho e acabou sendo o terceiro do ano - os primeiros foram minha coletânea de crônicas Catraca inoperante, que saiu em abril, e Dois dedos de prosa, do meu pai, José Henriques Maia. Enfim, com três lançamentos pela nossa Outubro Edições, foi um ano de muitas realizações e muita felicidade.


Isso sem falar nas duas exposições do Paulo que fizemos - 3XNeusa, em Joinville e Brasília, e Eu existo: sou Kalunga, em Porto Alegre.

Bom, prum balanço cultural do ano, acho que está de bom tamanho. Agora, vou tentar resgatar algumas coisas importantes que andei lendo, ainda que não tenham sido lançamentos recentes. Mas coisas que quero compartilhar com vocês.

Feliz 2012!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 26, 2011. 0 comentário(s).

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