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Anos 60 vivos!


Ter vivido os anos 60, mais que provar a idade já provecta da pessoa, potencializa a emoção de quem assiste ao documentário "Tropicália", de Marcelo Machado.

Com cenas inéditas, ou pouco conhecidas, de filmes, programas de TV, festivais e depoimentos, o filme visita polêmicos episódios em torno do movimento tropicalista, tendo como protagonistas Caetano Veloso e Gilberto Gil, mas coadjuvantes de luxo, como Tom Zé, Rogério Duprat, Os Mutantes, Jorge Mautner, Gal Costa, Maria Bethânia, Nara Leão, gente de holofotes e gente de bastidores de um momento revolucionário na vida cultural brasileira.

Se não fosse por nada, só pelas músicas, já valeria demais. Mas imagens, casos, detalhes compõem um filme que contextualiza historicamente, forma politicamente e envolve emocionalmente.

Uma beleza, imperdível!

Beijos!

Clara Arreguy, sexta-feira, setembro 28, 2012. 0 comentário(s).

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Festival de Brasília - pouco e bom



Diferentemente de outros anos, em que cobríamos o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro quase 24 horas por dia, este ano não pudemos ir senão a duas sessões: a Mostra Brasília de sábado à tarde e a competitiva de domingo à noite.

Na primeira, as melhores surpresas: o longa "Sob o signo da poesia", de Neto Borges (artistas e artes apaixonadas sobre a capital federal), e os curtas "Cidadão de Limpeza Urbana", de Lucas Madureira e Thandara Yung (bela homenagem aos garis), "Kinólatras", de Gustavo Serrate, Tiago Belotti e Rodrigo Luiz Martins (cineastas duros fazendo piada com a própria situação), "Vida Kalunga", de Betânia Victor Veiga (uma reportagem sobre os kalungas de Cavalcante, que se encerra com a mostra de fotos do Paulo de Araújo no Vão das Almas) e "A jangada de raiz", de Edson Fogaça (sobre técnica rudimentar de construção de jangada com raízes de uma árvore no Ceará).

Deixei para o fim o melhor: o curta "Meu amigo Nietzsche" (foto de divulgação), de Fáuston da Silva, uma linda história sobre um menino, analfabeto funcional, que descobre o clássico "Assim falava Zaratustra" e, a partir daí, aprende a pensar, filosofar e transformar a própria vida. Foi o grande vencedor do festival deste ano, nas categorias da Mostra Brasília, inclusive com os prêmios de melhor filme do júri e do voto popular.

Da competitiva, vi apenas a animação "Destimação", o curta "Menino peixe" e o longa "Esse amor que nos consome", que não chegaram a empolgar.

Beijocas!

Clara Arreguy, quinta-feira, setembro 27, 2012. 0 comentário(s).

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Linda juventude

Já fui entrevistada duas vezes pela professora e premiada escritora Margarida Patriota no programa "Autores e Livros", que ela mantém há anos na Rádio Senado. Pessoa, além de brilhante, gentil e de um refinamento raro hoje em dia.


Acabo de ler dela o romance "Enquanto aurora - Momentos de uma infância brasileira" (7Letras, 2012), uma narrativa aparentemente juvenil, mas de uma poesia e uma profundidade que enganam à primeira vista.

A narradora do livro é a adolescente Maria, que nos conta, como quem não quer nada, as aventuras e desventuras dela e dos primos nas férias que compartilham em fazendas e praias pelo Brasil. Enquanto se divertem, os jovens aprendem, sofrem, crescem, cada qual com suas dificuldades.

Uns são órfãos, outros têm irmão pequeno, outros anseiam por maior proximidade com a família.

A sexualidade latente, o amadurecimento acompanhado de alguma filosofia e muita poesia, a narrativa ao mesmo tempo contemporânea e aparentada de narrativas clássicas, a simpatia irresistível de Maria, sua avó, seus tios e primos, fazem de "Enquanto aurora" uma leitura simplesmente deliciosa, imperdível. E que bela edição!

Beijocas!

Clara Arreguy, quinta-feira, setembro 27, 2012. 0 comentário(s).

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A deliciosa arte de viver

O romance "O arroz de Palma", do escritor fluminense Francisco Azevedo, me lembrou minha própria escrita - modéstia à parte. Tem como tema uma família, dos avós aos netos, e como narrador um velho que se vê "três pessoas em uma só": o menino e o adulto que foi, o velho que ora narra.

Uma delícia de literatura, em que os dotes culinários do homem remetem a tessitura de uma família ao preparo de um prato. Dá trabalho, traz surpresas, mas o sabor é sempre instigante.

Antonio é filho de José Custódio e Maria Romana, mas a personagem principal de sua formação é a Tia Palma, mulher forte, sábia e cheia de mistérios. Como o arroz que coletou após o casamento do irmão e deu ao casal de presente. Arroz mágico, arroz da fertilidade, seja no real, seja no simbólico.

Antonio tinha seus irmãos, que percorreram cada qual seu trajeto pelo mundo. Antonio se casou com Isabel, teve com ela um casal de gêmeos, e cada qual percorreu também seu caminho. E vieram os netos, com suas personalidades e destinos, e Antonio a tudo observando com humor e poesia.

A família que ocupa um século de existência ensina e aprende com a sabedoria da tia que queria fugir com o circo mas se conformou em criar irmãos, sobrinhos, sobrinhos-netos. A arte sobrevive em todos eles, mas a principal arte a prevalecer é a da vida, com amor, trabalho e olhos abertos para aprender a arte de viver.

Delícia de livro, "O arroz de Palma" (Record, 364 páginas).

Clara Arreguy, quarta-feira, setembro 19, 2012. 0 comentário(s).

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Nobel sul-africano


A África do Sul é um dos países com maior número de premiados com o Nobel. Só da paz foram quatro: o ativista negro Albert Lutuli, 1960, o bispo Desmond Tutu, 1984, os líderes (negro) Nelson Mandela e (branco) Frederik de Klerk, 1993.

Na literatura, o país africano também recebeu seu Nobel: o escritor J.M. Coetzee, autor de obras-primas como “Desonra”.

Dele acabo de ler “Infância”, primeiro da trilogia completada por “Juventude” e “Verão”, em que o gênero da ficção autobiográfica lhe permite traçar um ácido painel da vida de um menino branco dividido entre culturas, temperamentos e origens históricas na maior parte das vezes conflitantes.

Nascido John Maxwell Coetzee em 1940, na Cidade do Cabo, o autor (e o menino John, seu alter ego) tem nome de africânder, é filho de africânderes, mas sua família fala inglês. Naqueles meados do século XX, ele vive como um estranho no colégio que frequenta: não se encaixa no perfil de violência dominante, se passa por católico para fugir ao culto anglicano, mas escapa do catecismo e é amigo dos judeus.

Em casa, não gosta do pai, que lutou na guerra e tem origem na fazenda que o garoto tanto ama, mas se liga na mãe, que é “boa demais”, não bate nele, faz todas as suas vontades, mas lhe tira a sensação de normalidade, o que o joga em conflito constante com o mundo.

Passa como pano de fundo no livro a história da África do Sul, com a oposição entre anglófilos e africânderes, e a presença surda dos negros, em inferioridade social que quase os torna invisíveis – são raros os momentos em que é explicitada, por exemplo, a necessidade de quebrar uma xícara porque ela foi usada por um negro.

“Infância” é uma narrativa seca como um soco. Direta, sem excessos nem derramamento, aponta para a cultura branca do país como uma arma a revelar a verdadeira face do povo que inventou o apartheid e levou mais de 40 anos para expurgá-lo, deixando de herança a miséria de uma multidão.

PS - Recebi simpática mensagem do Vernon Leão, da SGAF/Senarc, lembrando de outra sul-africana que recebeu o Nobel de Literatura, a branca (de origem judia) Nadine Gordimer. Bem lembrado! Dela li "De volta à vida", um belo romance que tem a luta anti-apartheid como pano de fundo na história de um homem que teve câncer. Valeu, Vernon!

Publicado na intranet do MDS

Clara Arreguy, terça-feira, setembro 18, 2012. 0 comentário(s).

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Preciso atualizar os livros lidos

Ando tão em falta com meu blog que não contei sequer os últimos livros lidos. Então, vamos lá, à la Jack o Estripador (por partes):

 - Li vários dos livros que me foram dados pelo grande amigo, grande intelectual gaúcho (santa-mariense) Humberto Gabbi Zanatta. Entre eles, "Bem-vindos ao inferno", a coletânea de crônicas sobre o Internacional - com licença dos companheiros gremistas. Pra colorados é o paraíso, mas todos sabem que sou só atleticana, mas para quem gosta de futebol vale a leitura bem-humorada, divertida, cheia de lances de emoção como só o futebol proporciona. Tem textos do próprio Zanatta, de Marcelo Canellas, Dilan Camargo, Athos Ronaldo Miralha da Cunha, Maiquel Rosauro e Pedro Brum Santos. Edição da Rio das Letras.

 - De Zanatta, também, em parceria com o ilustrador e editor Byrata, o infantil "O cabrito Agapito", delicioso, para crianças e para gente grande que ainda não cresceu (como eu). Rio das Letras também.

 - De outro gaúcho que não tinha ainda nas minhas leituras, Menalton Braff, li o romance "Castelos de Papel", da Nova Fronteira, e me emocionei com sua narrativa profunda. Numa história curta, ele disseca as relações familiares, profissionais, éticas e políticas, no microcosmo formado pela família de Alberto. Passado, presente e futuro em luta na alma de um velho em crise.

 - Depois da viagem pela obra-prima "O crime do Padre Amaro", voltei a Eça de Queirós com o opúsculo "Cartas d'amor" (Garamond), reunião de missivas românticas assinadas pelo personagem Fradique, criado pelo escritor português. Reunidas, elas formam um pequeno romance, com um derramamento inesperado mas uma ironia típica do mestre.

 - Do meu amigo e outro escritor de mão cheia, o mineiro João Batista Melo, o pequeno (em formato bem pequenininho mesmo), mas ótimo "Descobrimentos" (Devir) reúne três contos com releituras muito pessoais de eventos históricos.

 - Mais dois mineiros: de Jovino Machado, li o volume de poemas "Meu bar, meu lar", declaração de amor à boêmia, ao seu "jeito bêbado de ser", no tom que apenas os poetas sabem. É a segunda edição, do autor.

- Por fim, mas não menos intenso, o volume de contos curtíssimos "Estórias mínimas", de José Rezende Jr. (7Letras), em que o premiado escritor mineiro de Aimorés e radicado em Brasília resume aos 140 toques do Twitter as narrativas. São histórias, fortes, incríveis, recheadas de dramaticidade e cor, que revelam o domínio técnico de um mestre.

Ufa! Beijos!

Clara Arreguy, quarta-feira, setembro 05, 2012. 0 comentário(s).

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