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Para atleticanos

Nós, atleticanos (torcedores do Galo) que tivemos tantas alegrias este ano que termina (2012), temos mais um motivo pra festejar, com o lançamento do livro "Os dez mais do Atlético Mineiro", de Eduardo Murta (Maquinária Editora, 176 páginas). Como o nome diz, estão ali as principais histórias dos principais ídolos do clube.

Reinaldo, Cerezo, Marques, Éder, Luizinho e Dario fizeram minha felicidade durante a maior parte de sua relação com o Clube Atlético Mineiro. Contar a vida deles, os principais jogos e gols pelo clube amado, já valeria a leitura.

Mas há ainda os ídolos do passado, Mário de Castro, Ubaldo, Guará e o folclórico Kafunga, gente que não pudemos acompanhar e são do tempo em que não havia VT, mas cujas façanhas reverberam até hoje.

Há fotos, histórias, descrição de gols e lances eternos, um banquete de emoções para adoradores do esporte e, em especial, do Galo forte vingador do nosso coração.

Beijos!

Clara Arreguy, sexta-feira, dezembro 21, 2012. 0 comentário(s).

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Justo resgate de um poeta

Biografia romanceada do poeta Cruz e Souza escrita por Margarida Patriota, o livro "A lenda de João, o assinalado" (Topbooks, 304 páginas) acaba de ser lançada em Brasília e traz um importante resgate da vida de um pioneiro do simbolismo brasileiro. Mais que isso, mergulha na existência duramente sofrida por um personagem dos mais marcantes na história das letras nacionais.

João da Cruz nasceu filho de escravos na ilha que hoje chamamos de Florianópolis, apenas uma vila naqueles idos dos anos 1860. Da mulher que o educou, ganhou o sobrenome Souza e muito mais: cultura, educação, amor à literatura e gosto pelos versos. Desde criança revelou talento e sensibilidade, mas o estigma dificultaria tudo em sua vida, tanto na cidade onde nasceu quanto no Rio de Janeiro, para onde se transferiu.

Renegado pela origem social e racial, foi ousado em apresentar o novo em sua poesia, contrariando o parnasianismo vigente, mas angariando seguidores e amigos que não o deixaram só. Após a abolição da escravatura, trabalhou em jornais e repartições, publicou livros, mas nunca obteve o merecido reconhecimento.

Após se casar com uma mulher de formação semelhante à sua - culta, apesar de filha de escravos -. sofreu graves problemas de saúde na família: a mulher enlouqueceu, ele, com parcos rendimentos, teve que cuidar sozinho dos três filhos, o menor ainda bebê. Quando ela finalmente melhorou do surto e voltou à razão, engravidando do quarto filho, foi a vez de ele ser vitimado pela tuberculose, que o matou antes do nascimento do caçula.

A história de Cruz e Souza é triste, pungente, e Margarida Patriota usa das imagens e do estilo do autor para compor uma narrativa densa à altura do homenageado. Poucas são as citações de sua obra, mas a curiosidade por ela só cresce diante da leitura de uma vida tão sofrida, pautada pela situação política e social de um país racista na construção de uma identidade ainda hoje em luta por se afirmar.

Sem citar uma só vez a palavra escravo, a autora toca o dedo nas principais feridas que o país abriu há 500 anos e batalha por superar, contra ideologias e resistências sutis ou escancaradas. Ser assinalado, no Brasil do século XIX, XX ou XXI, dá tanto orgulho quanto combatividade. A guerra ainda não acabou.

Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 18, 2012. 0 comentário(s).

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O melhor de todos


Tenho andado muito em falta com o cinema, mas nos últimos dias, com feriado em Brasília, andei tirando o atraso, e o melhor dos filmes que vi foi o brasileiro "Gonzaga - De pai para filho", de Breno Silveira (foto de divulgação).

Não só pela importância de Luiz Gonzaga para a música e para a cultura brasileira. Não só pela importância de Gonzaguinha para a MPB, com sua poesia tão acridoce. Não só pelas interpretações viscerais, inclusive de talentos pouco conhecidos da mídia nacional. Não só pelo belo roteiro, que amarra o drama sem perder a leveza dos bons causos e sem cair na armadilha do dramalhão. Não só pela música, pela fotografia, pela direção de arte na reconstituição da época.

Conheci Gonzaguinha quando entrei pra faculdade. Foi a primeira entrevista que fiz, ainda antes de começar o curso específico de Jornalismo. Era mal-humoradinho, tratava os estudantes com uma intolerância típica de sua geração, de jovens politizados, que lutavam contra a ditadura, liam, se aprofundavam, e não gostavam nem de lerdeza nem de superficialidade.

Nos meus tempos de jovem assisti a vários de seus shows, tinha discos, e ouvia falar que era filho de Gonzagão, mas que não se conheciam, era talvez filho de uma prostituta ou de um caso sem importância do Rei do Baião. O filme mostra que não é nada disso. Que os temperamentos guerreiros de pai e filho foram talvez mais decisivos que as posições políticas contrárias a separá-los.

Mas "Gonzaga - De pai para filho" é muito mais que apenas a narrativa sobre os desencontros entre esses dois grandes personagens que fazem tanta falta à história e à cultura brasileira. Tem momentos de pura magia, sempre conduzidos pela música, e não só a do mestre, em clássicos como "Asa branca" e "Que nem jiló", mas também a do herdeiro, em pérolas como "Sangrando" e "O que é, o que é".

E paro por aqui pra não contar todo o filme. Vale ser visto, revisto e apresentado pra quem não conhece.

Beijus!

Clara Arreguy, terça-feira, dezembro 04, 2012. 2 comentário(s).

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Ótimo drama francês 2


E outro que fui ver depois de ter ouvido falar bem é mais um drama francês e novamente tem na amizade o centro de tudo. "E se vivêssemos todos juntos?" (foto de divulgação), de Stéphane Robelin, trata da velhice, com uma história dramática mas que também evita escorregar para o dramalhão ou conquistar a emoção do espectador com apelações baratas.

Cinco amigos veem chegar o ocaso da vida com os problemas típicos dos velhos: doença, solidão, dependência. Dois casais (um dos quais com a lindíssima Jane Fonda desprezando o fato de ter quase 75 anos de idade e o outro, com Geraldine Chaplin também em ótima forma) e um amigo viúvo se encontram frequentemente; compartilham 40 anos de parceria e, no presente, angústias.

Em pauta, as dificuldades que todos enfrentam e que poderiam ser mitigadas caso coabitassem. As traições matrimoniais do passado não são levadas em conta na hora de decidirem morar juntos. Mas a presença de um jovem etnólogo interessado em pesquisar a questão dos idosos ajuda a traçar um painel em que há muito além da perspectiva iminente da morte.

Toque leve de humor, mergulho em tabus como o sexo e a traição, filosofia, política, anarquismo, socialismo, nazismo, tudo passeia no inconsciente coletivo de uma Europa que envelhece perplexa, como os personagens desse drama delicado.

Belíssimas interpretações! E a salvação, ao final, novamente vem pelas mãos da amizade.

Beijus!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 03, 2012. 0 comentário(s).

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Ótimo drama francês 1


Admito que estou bem atrasada, pois o filme "Intocáveis" (foto de divulgação) já está em cartaz há meses, mas eu ainda não o tinha visto. Quase perco um dos melhores dramas recentes, uma produção francesa delicada e densa, sem perder a leveza.

O drama dos diferentes - o ricaço tetraplégico refinado e o pobretão marginal e cheio de vida - é conduzido sem forçação de barra. Afinal, o desempregado Driss (Omar Sy) vai parar no papel de cuidador de Philippe (François Cluzet) porque, para quem só mantém a lucidez e os movimentos de cabeça, pouco resta além da capacidade de se aventurar.

E do encontro que tinha tudo para dar errado surge a possibilidade do aprendizado mútuo, da amizade que transforma, da abertura para a vida, para todos os envolvidos, como nenhum dos dois suspeitava que pudesse ocorrer dadas as aparentes sentenças do destino inexorável.

O roteiro e a direção de Eric Toledano e Olivier Nakache conduzem a narrativa em tom de comédia, mas o que se desenrola ali é um drama não melodramático, não apelativo, que respeita a inteligência e a emoção do espectador.

Uma delícia de filme, com belas interpretações e música envolvente! Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, dezembro 03, 2012. 0 comentário(s).

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