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A simplicidade genial de Fios


A presença de Fios, o lindo livro de Chris Nóbrega, entre os finalistas do prêmio Jabuti faz justiça a um trabalho de rara sensibilidade sobre o ser mulher, sobre as linguagens do afeto, sobre o passar do tempo e das gerações, uma celebração das antepassadas (tema que amo e persigo). 

Fios narra com genial simplicidade a passagem de mão em mão da cultura que nos faz quem somos. De mãe pra filha, de avó pra neta, as histórias se tecem com a linguagem da palavra, do gesto, da emoção. 

O lindo projeto gráfico de Beatriz Sacha contribui pra fazer do livro uma obra de arte. Tem os bordados de Maria Freitas, as ilustrações de Gabriel Dutra, a produção do Maria Cobogó, coletivo que veio pra mexer com a cena literária do DF, por meio de suas escritoras, entre as quais a própria Chris Nóbrega, seus eventos, sua garra em fazer da nossa cultura um caldeirão de deliciosas surpresas.

Parabéns à Chris e a todos os envolvidos, Fios merece o prêmio máximo.


Clara Arreguy, terça-feira, outubro 27, 2020. 0 comentário(s).

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De metalinguagem e autoficção


Terminei mais uma leitura de romance semifinalista do Prêmio Oceanos. Dessa vez, "Autobiografia", de José Luís Peixoto (foto, escrito para e lançado pela Tag, ainda indisponível nas livrarias). Precisava conhecer a literatura desse português com tantas obras importantes na cena contemporânea, e o livro foi uma gratíssima surpresa. Trata-se de pura metalinguagem, protagonizada por um escritor chamado José, que se incumbe de escrever a biografia de outro escritor português, outro José, Saramago, com quem entra numa relação misteriosa e intrincada.

José é viciado em jogo e álcool, tem um livro publicado e embatucou na produção do segundo. Ao conhecer a cabo-verdiana Lídia, apaixonada pela obra de Saramago, encontra estímulo para avançar na biografia do xará, mas não consegue se desvencilhar dos próprios conflitos, inclusive dados pelos encontros com o biografado, em que mais segredos se escondem e se revelam. Afinal, a biografia de um José é também a do outro - e se forem ambos a mesma pessoa? Outros personagens trançam na trama, como o alemão Fritz e o português Bartolomeu, e mais Pilar, a mulher de Saramago, e outras figuras fictícias ou importadas da realidade.

O livro é inteligente, interessante, intrigante, tem um pouco de tudo, e mergulha com propriedade na obra de um dos meus autores preferidos de todos, dono de uma trajetória que justifica plenamente o Nobel recebido em 1998, período em que se passa a história de "Autobiografia".

E por falar em Nobel, li também o romance de mesmo nome de Jacques Fux, outro em metalinguagem e também muito interessante. Em sua autoficção, o protagonista é o próprio Fux, que acaba de receber a premiação maior da literatura mundial e se coloca num diálogo com o pessoal da Academia Sueca, com outros ganhadores do prêmio e com escritores injustiçados por nunca o terem vencido. Uma divertida viagem em torno da obra de grandes autores da literatura mundial nos últimos cem anos, de Kafka e Borges a Saramago e Philip Roth, e mais, muito mais.



Clara Arreguy, quarta-feira, outubro 14, 2020. 0 comentário(s).

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