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Lições da história


Já gastei meu verbo falando de Harari e seus Sapiens e Homo Deus, mas não pude deixar de ler também o 21 Lições para o Século 21 (Companhia das Letras), porque o ganhei de presente e sabia que este seria melhor que os dois primeiros. E foi. Talvez pressionado por algumas reações aos outros livros, que em certos momentos se colocam de forma pretensiosa e cínica, desta vez ele foi mais "humilde" e reviu algumas daquelas posições, propondo interessantes reflexões sobre o que a humanidade pode fazer para construir um futuro menos tenebroso do que o aventado por ele mesmo.

São lições de tolerância, de paz, de civilidade, de combate à violência, à ignorância, às fake news, enfim, conceitos teoricamente unânimes, mas que o mundo atual despreza solenemente, haja vista a ascensão ao poder de ideologias belicistas, intolerantes, fundamentalistas, retrógradas e um etc vasto e deprimente de coisas ruins.

Harari, um judeu homossexual que provoca e atira pra todo lado, toma aqui posições, não se omite em relação às questões mais candentes do debate filosófico contemporâneo, e usa sua boa experiência de historiador para propagar as lições da história. Que ensina o tempo todo, mas muitos fazem questão de fechar os olhos e ouvidos para ela.

Beijins!

Clara Arreguy, quarta-feira, junho 12, 2019. 0 comentário(s).

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Miscelânea de uma escritora versátil


Este livro curioso foi lido por nós no clube de leitura que se reúne uma vez por mês no Mercado do Café, em Brasília, mas nesse encontro não estive presente devido a compromissos fora da cidade. Não debati com meus pares, mas trago aqui minhas impressões: primeiro que tudo, com esse título, Não Está Mais Aqui Quem Falou (Companhia das Letras), a escritora Noemi Jaffe instiga o leitor e não anuncia de qual gênero se trata. A dúvida permanecerá até o fim da leitura, pois trata-se de uma coletânea de escritos vários, ora crônicas, ora contos, ora listas e notas, ora prosa poética.

Apesar de a liberdade estilística incomodar alguns leitores, não foi o meu caso. Achei interessante reunir uma miscelânea de escritos sem compromisso com gênero - me deu até vontade de também publicar algo assim. E, se em alguns momentos os textos sofrem de certa irregularidade, quando são bons eles são muito bons, de modo que o resultado final, pra mim, foi bem agradável e me prendeu até o fim.

Um dos textos que mais me emocionaram e intrigaram foi "Com gás ou sem", uma série de perguntas que as pessoas, em especial as do sexo feminino, se fazem ou fazem ao mundo. No final do livro a autora explica que contou com a colaboração de várias mulheres, que responderam pelas redes sociais a essa provocação dela. Muito muito bom.

O livro contém comentários, resenhas, reflexões, muita citação mitológica, inclusive da Bíblia, muita poesia e brincadeira com palavras. Quase um almanaque. O que pra mim não é nenhum defeito, e sim prova de uma versatilidade invejável. Eu invejo, sem culpa.

Beijocas!

Clara Arreguy, terça-feira, junho 11, 2019. 0 comentário(s).

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Trilogia bela e sofisticada


Minha ausência deste blog, por mais que cheia de motivos, é injustificável. Então, nos próximos dias, vou tentar tirar o atraso e comentar algumas das minhas leituras. Começo com a mais recente, a Trilogia do Adeus, de João Anzanello Carrascoza (Alfaguara), um escritor que eu não conhecia mas por quem fiquei impressionada. Sobretudo pela escrita dramática, tocante, tecida fio a fio, como os mestres do gênero sabem fazer. Se num primeiro momento (o livro 1, o premiado Caderno de um Ausente) lembra até Raduan Nassar, a citação do cultuado (inclusive por mim) escritor paulista, no segundo livro, mostra que a lembrança não é casual. Carrascoza certamente bebe da mesma fonte.

Esse Caderno é o mais forte e belo dos três fortes e belos livros. Declaração de amor de João, um pai mais velho, a Bia, a filha bebê, contém fartas doses de beleza, apuro técnica, profundidade e poesia. Apaixona o leitor, ainda que ele possa custar um tiquinho a entrar na narrativa de pouca ação e muita reflexão.

Já o segundo volume, Menina Escrevendo com Pai, traz a "resposta" de Bia, já crescida, para o caderno legado a ela por João no início. Embora seja também bonita, essa narrativa já não sustenta a mesma profundidade e maestria do primeiro, e insiste num dos poucos "defeitos" do outro, a pontuação inventada pelo autor (e que prossegue também no terceiro livro), um maneirismo que, a meu ver, nada acrescenta.

Finalmente A Pele da Terra consiste no relato do outro filho daquele pai, Mateus, sobre sua viagem com o filho, outro João, neto do primeiro João. Cheio de culpa pela distância imposta ao filho desde que se separou da mãe dele, Mateus fecha o círculo da Trilogia do Adeus com sua declaração de amor a João, enquanto percorrem o Caminho de Santiago de Compostela. Ao contrário do que possa parecer, não é uma narrativa de viagem. Mateus se atém a um dia de jornada, relatando e refletindo sobre passos, diálogos, silêncios, memórias, olhares. É também muito bonito, ainda que sem o vigor inicial da narrativa do autor.

São histórias curtas, naquele gênero novela, que estudamos na escola, histórias não tão complexas que configurem um romance nem tão curtas que sejam contos. A Alfaguara lançou as três numa caixa de acabamento belo e sofisticado - como a literatura de Carrascoza.

Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, junho 10, 2019. 0 comentário(s).

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