2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






Trilogia bela e sofisticada


Minha ausência deste blog, por mais que cheia de motivos, é injustificável. Então, nos próximos dias, vou tentar tirar o atraso e comentar algumas das minhas leituras. Começo com a mais recente, a Trilogia do Adeus, de João Anzanello Carrascoza (Alfaguara), um escritor que eu não conhecia mas por quem fiquei impressionada. Sobretudo pela escrita dramática, tocante, tecida fio a fio, como os mestres do gênero sabem fazer. Se num primeiro momento (o livro 1, o premiado Caderno de um Ausente) lembra até Raduan Nassar, a citação do cultuado (inclusive por mim) escritor paulista, no segundo livro, mostra que a lembrança não é casual. Carrascoza certamente bebe da mesma fonte.

Esse Caderno é o mais forte e belo dos três fortes e belos livros. Declaração de amor de João, um pai mais velho, a Bia, a filha bebê, contém fartas doses de beleza, apuro técnica, profundidade e poesia. Apaixona o leitor, ainda que ele possa custar um tiquinho a entrar na narrativa de pouca ação e muita reflexão.

Já o segundo volume, Menina Escrevendo com Pai, traz a "resposta" de Bia, já crescida, para o caderno legado a ela por João no início. Embora seja também bonita, essa narrativa já não sustenta a mesma profundidade e maestria do primeiro, e insiste num dos poucos "defeitos" do outro, a pontuação inventada pelo autor (e que prossegue também no terceiro livro), um maneirismo que, a meu ver, nada acrescenta.

Finalmente A Pele da Terra consiste no relato do outro filho daquele pai, Mateus, sobre sua viagem com o filho, outro João, neto do primeiro João. Cheio de culpa pela distância imposta ao filho desde que se separou da mãe dele, Mateus fecha o círculo da Trilogia do Adeus com sua declaração de amor a João, enquanto percorrem o Caminho de Santiago de Compostela. Ao contrário do que possa parecer, não é uma narrativa de viagem. Mateus se atém a um dia de jornada, relatando e refletindo sobre passos, diálogos, silêncios, memórias, olhares. É também muito bonito, ainda que sem o vigor inicial da narrativa do autor.

São histórias curtas, naquele gênero novela, que estudamos na escola, histórias não tão complexas que configurem um romance nem tão curtas que sejam contos. A Alfaguara lançou as três numa caixa de acabamento belo e sofisticado - como a literatura de Carrascoza.

Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, junho 10, 2019.

______________________________________________________