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Mergulho na Mongólia

Mongólia, livro de Bernardo Carvalho de dez anos atrás (mas que só agora li), é um daqueles romances de viagem em que uma história pessoal tem como pano de fundo a possibilidade de travar conhecimento com uma cultura extremamente diferente da nossa.

O ponto de partida - a viagem de um diplomata brasileiro aos confins da Mongólia - serve de pretexto para um mergulho naquela cultura, de um povo nômade, que chegou a ser um dos maiores impérios de toda a história, sob a liderança de Gengis Khan, e que viveu durante a maior parte do século XX sob regime comunista, satélite da União Soviética.

O autor carioca mistura os diários de um fotógrafo brasileiro desaparecido no deserto mongol aos do diplomata que o foi procurar e à narrativa de um outro diplomata, responsável por mandar o colega à procura do primeiro. Questões históricas, místicas e políticas se cruzam para traçar um painel formado de mais perguntas que respostas. Mas intrigante em todos os aspectos.

Beijocas!

Clara Arreguy, quinta-feira, março 29, 2012. 0 comentário(s).

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O Corpo e a música da Galícia

Quanta felicidade assistir ao novo espetáculo do Grupo Corpo, Sem mim! Não fosse a maravilhosa coreografia de Rodrigo Pederneiras - o que é chover no molhado, já que cada nova criação dele surpreende e emociona com igual poder -, a música volta a ser um caso à parte.

Zé Miguel Wisnik pesquisou e rearranjou composições do século XIII, de autoria do galego Martín Codax. Daí que as sonoridades obtidas remontam a oito séculos atrás, remetendo àquela poesia de amigo e amor que aprendemos como das primeiras manifestações literárias da Península Ibérica.

O idioma falado na Galícia parece uma mistura de português e espanhol, possui deliciosa sonoridade linguística e musical. O resultado disso tudo é um canto ancestral e envolvente, que conta entre os intérpretes com Milton Nascimento, Chico Buarque, Mônica Salmaso, Rita Ribeiro, cantoras galegas e brasileiras. O próprio Wisnik interpreta dois números, um dos quais uma canção de Codax que teve a pertitura perdida, então ele mesmo compôs a melodia, inspirado no estilo do autor.

Cantos populares daquela região europeia, parentes tão próximos das cantorias do sertão brasileiro, mineiro, casados com a coreografia que celebra o mar, junto a cenografia, iluminação e figurinos com a magnitude usual do Corpo, proporcionaram prazer renovado a quem assistiu ao espetáculo neste fim de semana, em Brasília.

De quebra, na abertura, teve reprise de O corpo, com música de Arnaldo Antunes. Bom demais!

Beijos!

Clara Arreguy, segunda-feira, março 26, 2012. 0 comentário(s).

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Rushdie para qualquer idade


O escritor indiano Salman Rushdie ficou mundialmente famoso quando foi objeto de “fatwa”, a condenação à morte proclamada pelo aiatolá Khomeini. O ódio do líder iraniano se devia a um romance do escritor, “Versos satânicos”, acusado de ofensivo à religião islâmica.

Mesmo passando anos escondido para evitar que qualquer fiel muçulmano se sentisse no direito de cumprir a “sentença” decretada – sem sentido e sem direito a defesa –, Rushdie manteve-se na ativa, produzindo importantes trabalhos literários. Afinal, é apenas isto que faz: escreve. E como escreve bem!

Embora fortemente fincado na cultura oriental, o estilo de Salman Rushdie lembra aquela vertente da literatura sul-americana, o realismo mágico ou fantástico, em que a fantasia voa solta e a ficção se permite os desvarios mais incríveis.

Em seu “Os filhos da meia-noite”, por exemplo, ele narra a história de milhares de pessoas nascidas exatamente na mesma hora, a meia-noite do dia da independência da Índia. Tal qual gêmeos separados no berço, numa alusão a Índia e Paquistão, os nascidos naquele momento desenvolvem, no romance de Rushdie, o poder de conversar entre si por telepatia. Assim, toda a história se embaralha, com as guerras e a situação política servindo de pano de fundo para aventuras espetaculares.

Outro de seus trabalhos que mescla a história do país com aventuras mirabolantes é “O último suspiro do mouro”, premiado e divertido romance em que líderes indianos como Gandhi e Nehru se cruzam com personagens fictícios de cultura indiana, europeia, portuguesa etc.

Autor também de livros infanto-juvenis, como “Haroun e o mar de histórias”, Salman Rushdie tem agora lançada no Brasil nova criação nessa linha, “Luka e o fogo da vida”. Luka é o irmão mais novo de Haroun, ambos filhos de Rashid Khalifa.

Exímio contador de histórias, o Xá do Blá-blá-blá, pai dos meninos, está à beira da morte e somente a coragem de Luka, enfrentando o Mundo da Magia, com seus perigos e ameaças, poderá salvá-lo. Para tal, conta com a ajuda de Urso, o cão, e Cão, o urso, que assumem personalidades falantes e vão com Luka rumo a uma aventura em ritmo de joguinho eletrônico.

Diversão, emoção, liberdade imaginativa e técnica narrativa ímpar fazem deste romance de Rushdie mais uma obra imperdível, a ser sorvida por leitores de todas as idades. 

(Publicada na coluna da intranet do MDS)

Clara Arreguy, sexta-feira, março 23, 2012. 0 comentário(s).

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Tabu racial e social


Fui ver Histórias cruzadas, no qual a atriz Octavia Spencer (E) que ganhou o Oscar de coadjuvante, me emocionei e me envolvi com a trama, as interpretações e toda a qualidade técnica e de conteúdo do filme. Mas o que mais me chamou a atenção foi um ponto cego que persiste como tabu, principalmente na sociedade brasileira: a questão das empregadas domésticas.

Percebo que há a questão racial e a social envolvidas, mas que, em qualquer circunstância, sobrevive um ranço escravista nessas relações, que não evoluem para a profissionalização. No Brasil, ainda hoje, mesmo entre pessoas de esquerda, os papéis relativos ao trabalho doméstico são confusos, nebulosos, com desrespeito e preconceito generalizado.

Intimidade misturada, afeto misturado, jornadas misturadas, mulheres tratadas como trabalhadoras diferenciadas, para pior. Fatores contemporâneos aparecem como denúncia de uma situação histórica vivida pelos Estados Unidos num passado não muito distante. Histórias de coragem e covardia. Em mim, dói como ferida do presente.

Um belo filme. Belo e importante.

Beijos!

Clara Arreguy, quarta-feira, março 07, 2012. 0 comentário(s).

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O Santos Dumont da Catibrum

Depois do meu reencontro tão feliz com o Grupo Galpão, fui reencontrar agora a Cia. Catibrum, trupe belo-horizontina que faz o melhor teatro de bonecos, com quem participei, muitos anos atrás, de memoráveis edições do Festival Internacional de Teatro de Bonecos. O grupo dos amigos Lelo Silva, Adriana Focas e o meu querido Amaury Borges trouxe a Brasília a premiada montagem de Homem voa?, que narra, para o público infanto-juvenil, a aventurosa vida de Santos Dumont.

O mineiro e brasileiro inventor do avião ganha adaptação para o teatro de bonecos de uma história em quadrinhos e vira magia de sombra e movimento pelas mãos e pelo talento da companhia mineira. Uma beleza, um encanto.

Confesso que não consegui ver tudinho porque levamos os três netinhos e eles deram trabalho... Mas não perdi tanto que não tenha me enchido de felicidade.

Valeu, pessoal! E beijos!

Clara Arreguy, quarta-feira, março 07, 2012. 0 comentário(s).

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