Palavras delicadas
Recebi do jovem escritor brasiliense Alexandre Pilati a seguinte mensagem sobre meu Tempo seco:
Cara Clara,
Recebi pelo meu pai o seu "Tempo Seco". Obrigado pelo livro. E obrigado outra vez. Pelo que li. De fato você conseguiu dar uma solução estética para o olhar estrangeiro-familiar que se estende sobre uma cidade já com algumas raízes, mas que recebe gente desenraizada de todo lado. Graças a esse estranho viver, as pessoas entortam-se, umas outras secam, feito árvores do cerrado. Todas gritam em silêncio, até as que se fecham em copas. Assim é a sua prosa: familiar feito um papo no táxi, mas à altura das exigências da cidade de que você fala e da história que se propôs a contar. É belo e acre o seu livro e tem uma grande coragem: nos arranha, como quem abraça árvore daqui. Outra grande coragem: falar do tempo próximo de nós, que a bruma da história ainda não toldou. Isso é difícil de fazer sem cair em clichês preconceituosos, ou "exatismos didáticos", ou uma ideológica "isenção" pseudo-jornalísitca. A autora, Clara, dribla tudo isso.
Você pôs a serviço da ficção as melhores ferramentas da ágil língua do jornal. Que coisa!Enfim, que bom que você está aqui, que adotou este tempo seco e esta cidade. Que bom que a minha cidade pode ter a sua voz.
Um grande abraço!
Alexandre Pilati
Clara Arreguy, quarta-feira, maio 27, 2009.
______________________________________________________