Histeria e desejo
O filme é "Augustine", de Alice Winocour. O tema,
mulheres histéricas, tratadas por um médico que se assombra com sintomas e
empreende verdadeira campanha junto a possíveis patrocinadores e apoiadores.
Ele revela que durante séculos essas mulheres foram queimadas em fogueiras,
tidas como bruxas, possuídas pelo demônio e outros estigmas.
No hospital onde ele toma como paciente uma jovem histérica,
as luzes da ciência são poucas contra as sombras do passado, as poucas
informações e a compreensão ainda tão difícil. Mas médico e paciente
confrontam, inexoravelmente, o inferno da repressão, do pecado, da culpa, do
desejo contido que aprisiona, domina, adoece. A cura só pode vir no
enfrentamento do desejo. O belo filme fala disso e de muito mais.
Precede em muito Freud e a psicanálise, tempos de obscurantismo em que mulheres não existiam como seres de direito e voz. Tratamentos eram a própria violência, a segregação, mais tirania. "Augustine" merece ser visto, Augustine merece ser pensada, entendida, amada.
Beijos!
Clara Arreguy, terça-feira, julho 30, 2013.
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