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Racismo e arbítrio na fronteira

De volta aos livros. Vamos logo falar de três deles. O primeiro, "Os Bons e os Justos" (Mercado Aberto), de Lourenço Cazarré, tema de uma das discussões do nosso grupo de leitura de autores de Brasília.

Cazarré não é brasiliense, mas radicado aqui, com algumas obras ambientadas na cidade. Não é o caso dessa novela, do início dos anos 1980, que se passa numa cidade gaúcha de fronteira. A linguagem do autor já denota sua origem naquele estado, com palavreado e personagens bem típicos.

Mas o enredo e a narrativa do livro não têm nada de regional. São universais e relevantes. Trata-se de um encontro/desencontro entre duas personagens, um delegado de polícia e uma riponga, que vão parar na mesma cidadezinha, por motivos bem diversos.

Ao policial negro e honesto, é dada pela chefia uma última chance de se enquadrar. Não vai ser fácil. Ele insiste em dizer verdades, em incriminar bandidos da elite, em desafiar forças mais fortes que ele. E reage bebendo, se deprimindo, se autodestruindo.

Já a menina está on the road, fumando maconha e tocando flauta enquanto se distancia de uma vida fútil e reprimida junto aos pais, e de dissolução junto a grupos de jovens drogados e violentos.

Racismo, discriminação e arbítrio se mesclam a sonhos de paz e pureza difíceis de encontrar num momento e num lugar em que a democracia ainda está longe de germinar. Cazarré escreve numa linguagem seca, enxuta, de pouca adjetivação e não muita emoção. Mas dá seu recado, segura o leitor e toca em feridas ainda abertas.


Beijus!

Clara Arreguy, terça-feira, fevereiro 10, 2015.

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