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Pra não esquecer, pra não repetir



"Sonata em Auschwitz", de Luize Valente (Record) reveste-se de uma incrível atualidade quando assistimos, entre pasmos e indignados, a ascensão do fascismo entre nós, no dia a dia de um país até então democrático. Ao ler descrições como a da Noite dos Cristais, quando comércios de judeus e sinagogas foram incendiados e depredados aos milhares por toda a Alemanha, e depois o judeus (as vítimas) foram acusados das "arruaças" e punidos com prisões e multas, ficar mais fácil entender o crescimento da violência política no Brasil de 2018 e a velha culpabilização das vítimas pelos atentados, a desqualificação dos fatos, o esvaziamento da gravidade dos crimes. Tudo sob o olhar complacente das "autoridades" e sob a omissão criminosa dos democratas de fachada.

O romance da escritora carioca conta a história de duas famílias, uma alemã, mergulhada no nazismo, e uma judia, cuja maior parte perece nos ou a caminho dos campos de extermínio. Amália é portuguesa, filha de um alemão que emigrou para se distanciar do passado nazista do pai e do avô e se tornou militante anti-salazarismo, sofrendo perseguição política no novo país.

Por meio da bisavó centenária, Amália descobre um segredo do avô Friedrich: o capitão da SS havia salvado uma bebê recém-nascida no campo de concentração. Amália então vem parar no Brasil, para onde a menina, hoje com mais de 50 anos, e sua mãe, de 75, haviam conseguido vir.

As histórias do nazista que salvou uma judia, do embrincamento entre as duas famílias e o mistério sobre o que teria acontecido com Friedrich após a fuga com a criança são narrados por Luize Valente com toques de ação e emoção de tirar o fôlego. É um romanção no melhor sentido, leitura que prende, toca e faz pensar. Ela conta e mostra com crueza os detalhes mais sórdidos de uma tragédia que o mundo muitas vezes tenta negar e esquecer.

Para o presente, ficam as lições de como tudo aconteceu dia a dia, palmo a palmo, na frente de todos: a desumanização, a banalização do mal, o desrespeito ao ser humano, os crimes contra toda a humanidade. É preciso aprender e reaprender todos os dias. Para nunca mais repetir.

Ah, #euleiomulheresvivas

Bjs!

Clara Arreguy, quinta-feira, abril 05, 2018.

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