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Corrupção em dose tripla


Em pouco menos de dois anos Maurício Lara fecha sua trilogia iniciada com "O filho do corrupto", ao publicar, na sequência, "O jardim de Leocádia" (Páginas Editora) e "A versão do pai" (Ramalhete). Se no primeiro romance o dublê de jornalista e escritor mineiro dava uma aula sobre como funciona a corrupção sistêmica no Brasil, ao narrar a procura de um filho pela verdade do pai recém-falecido, nesses dois outros ele volta à mesma história para dar ao leitor os outros pontos de vista a respeito daqueles fatos.

Leocádia é a mãe oprimida que se matou pouco antes da morte do marido, Rubens Rocha - ela, protagonista do segundo livro; ele, do terceiro. Pelo ponto de vista da mãe entendemos alguns dos detalhes que levaram os acontecimentos aos desfechos que tiveram, tanto a morte de cada um quanto as próprias razões de trajetórias tão sofridas e mal-sucedidas no que toca aos afetos. Porque de sucesso, mesmo, apenas o financeiro, material, obtido pela controversa figura paterna, que constrói um império a partir de muita ambição e zero escrúpulo.

Se o primeiro e o segundo livro trazem novidades que se complementam com o desenrolar da narrativa, o terceiro já peca pelo excesso de repetições. Ok, temos mesmo a versão do pai, conforme anuncia o título. Sua infância, a difícil relação com a mãe, a vergonha pela vocação perdedora do pai. Mas quanto às relações entre Rubens Rocha e a mulher, Rubens Rocha e filhos, a empresa, empregados, amantes, a narrativa não consegue escapar do "mais do mesmo", o que a empobrece e deixa a dever em matéria de surpresas e de mais profundidade.

De qualquer maneira, a trilogia de Maurício Lara traça um painel familiar, político, empresarial, dos costumes e da história recente do país, com sua crise ética e de valores, a partir de personagens cativantes, principalmente Leocádia, a maior vítima (como a maioria das mulheres) dessa trama tão comum nas famílias brasileiras.

Beijos!

Clara Arreguy, terça-feira, outubro 16, 2018.

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