2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






Ver o invisível



Conhecia Henriette Effenberger de nome, do Mulherio das Letras, mas só fui estar com ela pessoalmente no segundo encontro nacional do nosso movimento há menos de um mês, no Guarujá. Estive presente ao lançamento de seu novo livro de contos, "Fissuras" (Penalux), que li de duas sentadas. Porque, embora sejam 20 histórias apenas, a escrita de Henriette é daquelas que nos pegam pela emoção e não nos largam mais.

Nas histórias dessa coletânea, a premiada escritora paulista fala de personagens normalmente invisíveis: o pequeno, o pobre, o humilde, aquele por quem ninguém se interessa. E por que não? Justamente por serem as menores das criaturas numa escala ditada pela cultura capitalista que valora o ter e não o ser, o quanto e não o como.

A mulher abusada reiteradamente pelos homens da sua vida; o velho padre que perdeu a fé; o operário doente incapaz de ser produtivo; a senhora solitária à espera de uma visita que nunca vem; as jovens discriminadas na escola pelo racismo e pelo preconceito social; o circo de periferia, com seus penetras e seus bichos famintos; o pequeno órfão em sua sequência de abandonos; o menino de rua viciado em cheirar cola; e assim por diante... São histórias comoventes, narradas com economia de adjetivação, mas sustança de emoções.

Como diz Rosângela Vieira Rocha no prefácio, Henriette domina a linguagem e a carpintaria do gênero conto. Seu livro permite a fruição com prazer pelo leitor, que por outro lado não escapa ao soco que ela nos arma. Viva a literatura que faz isso com a gente!

Clara Arreguy, quinta-feira, novembro 29, 2018.

______________________________________________________