2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






A prosa elegante e irônica de Margarida Patriota


Margarida Patriota, para nós de Brasília, é sempre motivo de orgulho. Além da grande escritora que é, atua também como tradutora, mestra, militante cultural - apresenta um tradicional programa de rádio, o Autores e Livros, que há décadas ajuda a difundir a literatura pelos quatro cantos do país. Por tudo que ela faz e representa, por ser a figura elegante e culta que é, não nos causou surpresa sua presença entre os semifinalistas do prestigiado Prêmio Oceanos, com o romance Cárcere Privado (7Letras). E ao lado de nomes como Chico Buarque, Maria Valéria Rezende, José Luis Peixoto, Mia Couto, Milton Hatoum e tantos outros gigantes (como ela).

Autora de romances e histórias para várias faixas de público, em Cárcere Privado a escritora brasiliense (por adoção) tece uma narrativa tensa e densa sobre uma mulher que prende e subjuga a prima (Mara Dália) que a atormenta e faz infeliz durante toda a vida. Por fora, mantém a rotina, o cigarrinho do meio da manhã na prosa com o porteiro, as relações cordiais com a vizinhança, a pose de pessoa sensata e solidária. Por dentro, um vulcão de mágoas e traumas dados pelas perdas do passado e pelos fardos de toda uma vida.

A personalidade da narradora é deliciosamente bem construída pelo texto irônico e culto de Margarida Patriota. Como escreve bem! Como entrelaça as pequenas coisas do cotidiano com os grandes dilemas do ser humano! Junto a personagens como Catanduva, Vinhadalhos e a família coreana, e situações como a visita ao Vale do Amanhecer, ela expõe uma Brasília real, em meio a um enredo que aos poucos aponta a desagregação mental e emocional da protagonista. O mergulho é tão profundo que chega a plantar no leitor a semente da dúvida: será que Mara Dália existe mesmo, ou será que o inimigo, torturador e torturado, não habita dentro dela própria?  

Uma investigação criminal surreal contribui para o cruzamento de todas as possibilidades, do realismo ao delírio, por meio dos depoimentos de cada um dos personagens envolvidos (ou não) na trama do crime. E vai assim até o fim. Um romance de fôlego de leitura vertiginosa e de fruição inesgotável pela qualidade do texto da escritora. Que o Prêmio Oceanos já reconheceu só de nomear como semifinalista, mas que pode muito vencer, por todos os seus méritos.


Clara Arreguy, terça-feira, setembro 15, 2020.

______________________________________________________

Comments:
Maravilha! Adotei o livro e a resenha.
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
Genial. Gostei demais do romance e da resenha.Parabens!
 
Adorei o romance, a resenha também excelente! E como não gostar? As duas escritoras representantes de Brasilia, que cada dia mais se mostra forte na letras. PARABÉNS!
 
Postar um comentário