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Divanize, nossa diva


A querida amiga Divanize Carbonieri comentou no Facebook que agora que seu livro é finalista no Jabuti muita gente correu a lê-lo. Mea culpa, mea máxima culpa. A coincidência é que o autógrafo que recebi no meu exemplar tem exatamente um ano, quando nos encontramos no Mulherio das Letras de 2019, em Natal. O livro estava na minha cabeceira, naquela ordem insondável em que se empilham is que compro e ganho, sem muito critério. A pauta que tira um ou outro e o traz pra minha leitura varia. Confesso que a indicação do romance Cárcere Privado, de Margarida Patriota, ao prêmio Oceanos, e de Passagem Estreita, de Divaniza Carbonieri, ao Jabuti, lhes deu preferência pra furar a fila.

Conheço Divanize do Mulherio - fizemos juntas uma oficina em 2018 e de lá pra cá nos acompanhamos nas redes e nos encontros presenciais. Ela é incansável: poeta, contista, professora, orientadora, editora de revista, agitadora cultural, animadora da gente, das suas parceiras e irmãs na luta das mulheres por espaço e respeito na cena literária. Ela é muito mais ativa que a maioria em tudo que faz, o que por si só já a faz merecer o respeito de todas nós. Mas o melhor de tudo é que Divanize é uma grande escritora. A presença de seu livro entre os finalistas da mais conhecida premiação brasileira só corrobora isso.

Passagem Estreita reúne 19 contos protagonizados basicamente por mulheres - a exceção se dá quando o protagonista é uma cidade, Cuiabá, lugar que essa paulista elegeu para viver e lutar. Mas ela não escreve sobre mulheres quaisquer. São figuras em geral sofridas, que se acham feias, menores, quase merecedoras das violências às quais são submetidas. Ainda que possam crescer, aprender, estudar, candidatar-se a presidenta da república, como no conto "Fia". 

Além de falar sobre o ser mulher, sobre opressão, uma das coisas que Divanize faz melhor é brincar com a linguagem. Ela se permite explorar várias vozes, vários estilos, desde a alternância de discursos num mesmo conto até a invenção de palavras e de construções, ao sabor da subjetividade do narrador. Ou da narradora. Com brincadeiras em torno da palavra, da pontuação, dos discursos contemporâneos, das formas de violência contidas em atos e em palavras, a escritora percorre ampla gama de situações atuais, capazes de tocar o leitor na sensibilidade e na racionalidade. Às vezes comove, às vezes indigna. Mas sempre mexe com a gente. Parabéns, Diva, pela bela obra!



Clara Arreguy, quarta-feira, novembro 04, 2020.

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